Agora MT Opinião do Leitor Freud: As mentiras Universais
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Freud: As mentiras Universais

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(*) Nelson Valente

Imagem: FREUD Freud: As mentiras UniversaisO leitor poderá ficar surpreso de saber, por exemplo, que Freud jamais usou em seus escritos as palavras EGO, ID E SUPEREGO. Ele preferia usar palavras e expressões comuns do dia a dia.

Suas obras em alemão estão escritas numa linguagem que as torna compreesnsíveis para o público em geral. Em inglês, seus termos receberam uma aura de linguagem técnica pela utilização de palavras latinas, quando palavras mais simples teriam bastado. Das Ich, das Es e das Über-ich, significam o Eu, o “aquilo” e o Supra-Eu ou “aquilo que está acima de mim”. Estes termos possuem sentido mais pessoal que os insípidos Ego, Id e Superego.

Outro erro lamentável foi a eliminação em inglês da palavra alma, substituindo-a por Mente. Por exemplo, Seelentätigkeit que significa atividade da alma, foi traduzida por “atividade mental”. O intuito era tornar Freud mais “científico”. Isto pode ser parcialmente atribuído a uma deficiente tradução das obras de Sigmund Freud.

Freud escreveu seus livros em alemão, num estilo tão eloquente que mereceu o Prêmio Ghoethe de literatura de 1930. Muitas de suas expressões originais, porém, não encontraram pronta tradução no idioma inglês.

Os franceses fazem de conta que brigam com o inglês, mas têm medo mesmo é do alemão. Desde a queda de Berlim, a Europa do Leste transformou-se num bolsão de poliglotismo alemão e há muita probabilidade de que o alemão se imponha na Europa!

Nunca, no mundo, alguém conseguiu impor a língua estrangeira dominante. Os romanos foram mestres do mundo, mas seus eruditos conversavam em grego entre si. O latim se tornou a língua europeia quando o império romano desmoronou. No tempo de Montaigne, o italiano era o vetor da cultura. Depois, durante três séculos, o francês foi a língua da diplomacia. Por que o inglês, hoje? Porque os Estados Unidos ganharam a guerra e porque é mais fácil falar mal o inglês do que falar mal o francês ou o alemão. O que não impede que os franceses falem de uma “colonização” de sua língua pelo inglês.

Os antigos mitos de Édipo, Eros e Psique, foram usados como referências alegóricas e aspectos da condição humana e não como rótulos de complexos mentais.

O sucesso de tornar o estudo do inconsciente um respeitável “empreendimento científico pertence a Sigmund Freud (1856-1939)”. Seus escritos acerca do inconsciente e da interpretação de sonhos provocaram tremendo impacto no pensamento europeu de princípios do século XX. Mesmo hoje, ao término do mesmo século, seu nome e “suas teorias” têm ampla circulação em livros universitários.

As descobertas de Freud, porém, não eram totalmente novas como geralmente acontece com os avanços científicos. A existência do inconsciente já havia sido postulada por outros antes de Freud. Filosofias Orientais havia séculos, tinham conhecimento do inconsciente. Freud reconheceu a existência de ambas as polaridades, material e espiritual, embora outros tenham optado por uma visão unilateral de sua obra.

O próprio Freud, porém, jamais foi contrário a esses esforços. Sua intenção era de compreender a totalidade da condição humana. Em suas atividades clínicas encontrou exemplos de fenômenos telepáticos e parapsicológicos. Embora seja verdade que Freud foi um crítico severo de todas as crenças supersticiosas, é igualmente verdade que ele jamais negou a existência dos chamados fenômenos ocultos. Escreveu ele:

 

“Sem dúvida o leitor gostaria que me prendesse a um teísmo moderado e me demonstrasse inexorável em minha rejeição de tudo que é oculto. Mas sou incapaz de bajulação e devo incitá-lo a ter pensamentos mais favoráveis à possibilidade objetiva da transmissão de pensamentos e ao mesmo tempo da telepatia. Não vou assumir a posição que nada mais sou que um psicanalista, de que os problemas do ocultismo não me interessam”.

 

Em sua vida e obra, Freud em verdade observou a recomendação inscrita no templo de Apolo, em Delfos, “Conhece-te a ti mesmo” e, desejava nos ajudar a fazer o mesmo.

(*) é professor universitário, jornalista e escritor

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