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Ceni deseja se aposentar do futebol com quarto título da Libertadores

Capitão do São Paulo elegeu Buffon, Petr Cech e Van der Sar os melhores goleiros dos últimos anos

Fonte: DA REDAÇÃO COM G1
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Imagem: CENI Ceni deseja se aposentar do futebol com quarto título da Libertadores
Contrato de Rogério Ceni com o São Paulo termina no final de 2013, quando ele terá completado 40 anos Foto: Eugenio Savio

Aos 39 anos, Rogério Ceni vai disputar mais uma final em sua carreira vitoriosa pelo São Paulo. O clube recebe o Tigre na noite desta quarta-feira para a segunda partida da final da Copa Sul-Americana. Em entrevista ao site Pasionlibertadores.com, o capitão tricolor analisou as principais mudanças no futebol nos últimos 20 anos e disse que a posição que mais evoluiu foi a de goleiro. Ceni ainda tem um desejo: aposentar-se do futebol com o quarto título da Libertadores, competição que disputa em 2013.

Confira a entrevista de Rogério Ceni:

Para você, o que a Copa Libertadores tem de especial?
É o (torneio) mais importante que temos no continente. No Brasil, depois do São Paulo bicampeão de Tele Satana (92 e 93), creio que outras equipes passaram a ver a Libertadores com mais vontade. Este foi o incentivo que necessitavam para se dar conta de que havia algo mais importante do que o Campeonato Brasileiro. Lógico que é muito importante ganhar o campeonato local, mas cada ano que passa é tremendamente importante jogar a Libertadores para levar seu clube ao lugar mais alto da América do Sul.

Dos três campeonatos que participou na Libertadores, o melhor foi o mítico time de Telê Santana?
Sem dúvidas, era uma equipe fantástica porque jogava muito bem, com muita gana. Além disso, tinha uma qualidade individual extraordinária com jogadores como Raí, Muller, Palinha, Cafú, entre outros. Mas sempre nos lembramos dessa equipe porque ela ganhou, por isso creio que os melhores são os que ganham coisas importantes. Em 2005, o plantel não tinha grandes figuras, mas era um time, com tudo o que isso significa. Mineiro deu força, Lugano estava começando e já mostrava sua capacidade de líder, Danilo dava um toque de qualidade no meio campo e, na frente, cada um fazia seu papel. Creio que, se o São Paulo não ganhar a Libertadores nos próximos 10 anos, coisa que espero que não aconteça, a torcida vai se lembrar tanto do time campeão de 92 e 93 como este de 2005.
Não podemos nos dar ao luxo de ficar muito tempo mais sem ganhar a Libertadores. Somo uma equipe muito grande para ficar sete anos, como estamos, sem ser o melhor da América. Por isso, espero primeiro ganhar a Copa Sul-Americana e depois nos prepararmos bem para ser protagonistas da Libertadores.

Como o futebol que era na década de 90, que foi quando você estreou no São Paulo, mudou para o que é atualmente?
Primeiro que os clubes denominados pequenos, em todos os países do continente, já não temem ninguém. Nós jogamos contra o Náutico, por exemplo, e é um adversário difícil de ganhar. Na Argentina, em 2011, teve o River (Plate) na segunda divisão, o que mostra que a camisa não é mais nenhuma vantagem na hora de decidir o jogo. Atualmente o futebol está muito parecido em todos os lugares. Os jogadores são todos iguais e, quando aparece um talento, dura muito pouco no clube porque os grandes da Europa os levam. No Brasil, todos querem Montillo e pagam qualquer coisa por ele. Por isso, digo aos dirigentes do clube que, quando temos um jogador diferente, tem que tentar mantê-lo o máximo possível.

Hoje é mais difícil ganhar?
Para os brasileiros, antes era muito mais difícil do que na atualidade. Hoje está um pouco mais fácil de ganhar para nós porque o poder econômico de nosso país faz a diferença e as equipes têm cada vez mais craques. No entanto, os argentinos sempre mantêm o espírito competitivo e a fome de glória. Além disso, são os que melhor entendem taticamente o futebol na América do Sul. Por isso, não me surpreende que hoje estamos definindo uma final de torneio com o Tigre. No Brasil, é muito mais desestruturado, se resolve no mano a mano. Sempre estão na luta também os uruguaios, por sua garra, os chilenos com La U (Universadad do Chile) também demonstraram que são muito fortes, o Millonario esteve perto de chegar a esta final. Nós, nesta Sul-Americana, sofremos para eliminar a Liga de Loja (do Equador), que fez sua estreia em torneios internacionais. Hoje, se você não corre, perde. Por isso digo que pode ter todos os talentos do mundo, mas se não corre, perde.

Quanto mudou o Rogério que estreou no futebol ao que hoje tem 39 anos?
Sempre digo que a juventude é muito importante, mas em uma posição como a de goleiro que precisa ter reação, força, reflexos, ela te ajuda. Mas hoje posso dizer que prefiro a experiência à juventude porque te ajuda a ganhar este tipo de partida (a final contra o Tigre). Claro que ficar velho faz sofrer mais lesões, fica mais dolorido e sofre mais a cada partida, mas dentro do jogo aproveita-se muito mais. Lembro que em quase 20 anos joguei a semifinal de uma copa chamado Nicolás Leoz contra o Boca (Juniors) na Bombonera e perdemos por 1 x 0. Logo vencemos pelo mesmo placar em São Paulo e terminamos perdendo no gol de ouro.
A vontade de ganhar superou todos os contratempos e lesões que tive em minha carreira. Estar mais de 23 anos no mesmo clube, com a mesma gente, faz que não tenha mais o que agradecer no futebol.

Como é o são-paulino?
É um apaixonado por jogar contra times de outros países. O Campeonato Paulista fica em segundo plano e, quando a equipe anda bem no Brasileirão, o estádio não abaixa de 55 mil torcedores. Cada dia há mais torcedores do São Paulo pelas vitórias em 92-93-2005 na Libertadores e o tricampeonato brasileiro (2006-07-08). No Brasil, as maiores torcidas são de Flamengo e Corinthians, mas nos últimos anos, o maior crescimento é da nossa. O mesmo passará com o Corinthians devido à conquista da Libertadores neste ano no futuro.

E quanto ao estilo de jogo que gosta a torcida do São Paulo? Exige ganhar jogando bem ou vencer é o que importa?
Em tempos modernos, jogar bem ficou em segundo plano. O que a torcida quer, também a brasileira, é ganhar. Claro que se se pode jogar bem, vai atrair mais público, como faz o Barcelona, mas isso o que eles fazem é impossível de repetir. As pessoas que vão ao estádio (do Barcelona) vão ver um espetáculo, como se fosse um filme ou uma peça de teatro, não a uma partida de futebol, pois o que eles fazem é arte. No Brasil, é difícil fazer isso porque quando saem jogadores como o Lucas, um clube poderoso como o nosso não pode fazer nada para segurá-lo. A exceção é Neymar com o Santos, mas sabemos que há muito apoio para que ele fique aqui até o Mundial de 2014. Se nós mantivéssemos a base hoje no São Paulo jogariam comigo Kaká, que tem 30 anos, Lucas, com Mas não podemos fazer isso, e o Barcelona se da ao luxo de juntar Puyol e Xavi com Iniesta e Messi.

Nestes 20 anos, a sua posição mudou bastante…
Quando comecei, os goleiros não sabiam jogar com os pés. A maior evolução no futebol foi do goleiro porque antes, quando tinha a bola nas mãos, o goleiro chutava a bola pra cima, como se livrando de um problema, mas hoje não. O goleiro deve ter calma, os zagueiros têm que confiar para te dar a bola quando estão pressionados. Fisicamente, as outras posições tiveram que se superar, mas tecnicamente, a posição que mais cresceu foi a de goleiro.

Se tiver que eleger os três melhores goleiros da atualidade, quem seriam?
Fico com Buffon, (Petr) Cech e eu gostava muito do Van der Sar porque sabia dominar muito bem a bola e tinha um grande controle da área. Daqui, sempre gostei do Navarro Montoya porque pegava melhor que ninguém a bola no ar e era um jogador que fazia a diferença. Por isso creio que me destaque um pouco em minha carreira porque faço algo diferente como bater faltas e ter a sorte de fazer vários gols assim. Antes, tinha um ou dois goleiros que botavam um passe de 50 metros no peito de um companheiro. Hoje, a maioria faz isso bem e isso é muito importante.

Quem são os candidatos a ganhar a próxima Libertadores?
Os brasileiros, acho, hoje estão um pouco mais por cima do resto das equipes e deve ter pelo menos um finalista. E acho isso pelas equipes que se classificaram: Fluminense, Grêmio, Corinthians, nós. Da Argentina, vejo Vélez (Sarsfield) e Boca (Juniors) com chances, mais pela história do que pelo presente. Peñarol e Nacional têm uma mística que lhes permite sonhar ser protagonista. Da Colômbia e do Equador também sempre puder haver uma surpresa.

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