Apesar da veemência na crítica feita aos erros no cálculo da última versão da Pnad, o governo montou uma espécie de gabinete de crise para se defender dos ataques oriundos das falhas na pesquisa. Quatro ministros foram escalados para falar à imprensa neste sábado (20), três deles com a missão de ressaltar os números da Pnad favoráveis ao governo.
Enquanto à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, coube o mea-culpa pela falha na Pnad – que distorceu dados sobre desigualdade, analfabetismo e crescimento da renda –, a defesa do governo ficou a cargo dos titulares das pastas de Assuntos Estratégicos (Marcelo Neri), Educação (Paulo Paim) e Desenvolvimento Social (Tereza Campelo).
Um dia após divulgar o resultado da Pnad, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) corrigiu vários dados apresentados, entre os quais a desigualdade de renda, que havia crescido na primeira versão e foi corrigida, apontando uma ligeira queda. “Quem falou que tinha crescido (a desigualdade) agora poderia ressaltar que continuou caindo”, alfinetou a ministra.
Antes dela, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, também saiu em defesa do Palácio do Planalto. Ele ressaltou que, apesar de corrigido, o dado sobre o crescimento real da renda apresentou evolução importante (3,5%). “Essa era, pra mim, a grande notícia da Pnad”, afirmou.
Neri reconheceu que a queda na desigualdade social durante o governo da presidente Dilma Rousseff “não foi espetacular”, mas ressaltou que os indicadores continuam melhorando. O ministro também criticou os que se prendem “a detalhes”, e deixam de analisar “o todo”. Os detalhes mencionados por ele foram os indicadores de analfabetismo e mortalidade infantil.
Ainda falou pelo governo o ministro da Educação, Paulo Paim, cujo setor também foi afetado pelo erro na Pnad, que apontou uma queda na taxa de analfabetismo maior do que a realmente ocorrida. Sob os olhares do ministro da Secretaria de Comunicação, Thomas Traumann, o titular da Educação ressaltou o fato de a queda no analfabetismo ser constante no país.
“Estamos mantendo a redução em todas as faixas etárias; está reduzindo mesmo na faixa acima de 60 anos, onde o analfabetismo é maior. Se nós olharmos a faixa de 15 a 29 anos, nós fechamos a torneira do analfabetismo, não estamos produzindo novos analfabetos. Isso demonstra a efetividade das ações que estão sendo desenvolvidas”, disse o ministro.