Agora MT Opinião do Leitor Nada está resolvido, ainda
OPINIãO DO LEITOR

Nada está resolvido, ainda

FONTE
VIA

Nada está resolvido, exceto uma primeira lição aos arrogantes, aos que se julgam tutores da sociedade, pretendendo conduzi-la sob cabresto, como boiada, para as mangueiras de sua hegemonia e do totalitarismo que a acompanha.

Nada está resolvido, exceto que foi uma ilusão petista a ideia de que poderiam fazer no país o que bem entendessem. A sociedade, de modo bem consistente, deu muito mais votos à oposição do que ao governo, refletindo o que já se respirava nas ruas, oxigenando a consciência política nacional.

Ficou muito claro na voz das urnas que o governo petista, sob o ponto de vista eleitoral, só tem, como dividendos a receber, os lucros do coronelismo de Estado. O assistencialismo, elevado pelo PT à categoria das maiores realizações humanas, mantém a submissão dos carentes no ponto de calda para adoçar a vida do partido nas disputas eleitorais. E nada para elevar essa multidão a um patamar de dignidade superior.

Para o PT, estratégia eleitoral é a síntese da ação de governo. Em nome disso, tudo pode ser sacrificado, inclusive os cuidados com a estabilidade da moeda, com a moderação nos gastos públicos, com o desenvolvimento da economia segundo vetores sustentáveis. Para o PT, em já longa história recheada de exemplos, sempre valeu mais a versão do que o fato. Não é o discurso que deve convencer por sua consistência e congruência com a realidade, mas a repetição da versão com a intensidade necessária para obscurecer tudo mais.

Vem aí um segundo e definitivo turno. A nova rodada de embates, desta feita, será vis-à-vis. Tempos iguais. Olho no olho. A desproporção dos tempos de TV no primeiro turno serviu muito e bem à estratégia do PT. Em números redondos, para cada ataque de Marina a Dilma, Dilma contra-atacava sete vezes. A cada ataque de Aécio a Dilma, a presidente contra-atacava três vezes. Agora isso acabou. Retiram-se do cenário aqueles candidatos que, exceto por Marina Silva, ali só estavam buscando promoção a baixo custo. Mas ambos, Aécio e Dilma, terão por estratégia a sedução dos eleitores da acreana. Eles definirão o futuro quadriênio presidencial brasileiro. A própria Marina, preservando o compromisso de Eduardo Campos, já deixou claro que estará na oposição, trincheira que ocupou e do qual foi deslocada pela obstinada carga de cavalaria petista tão logo demonstrou que vinha para competir.

Os próximos dias serão dias para não mais esquecermos.

* Percival Puggina (69),  membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e  titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

 

Relacionadas

Especiais

Últimas

Editoriais

Siga-nos

Mais Lidas