Há cerca de dez anos não nasce nenhuma criança em Alto Garças (município localizado ao sul do Estado de Mato Grosso). O problema é que a cidade não possui hospital municipal e nem maternidade. Imagine o risco para as grávidas que estão perto de dar à luz, já que ao entrar em trabalho de parto as alto-garcenses são obrigadas a viajar por mais de 150 quilômetros.
Joanice Aparecida Almeida (foto), 32 anos, está gravida de oito meses do 4º filho. Ela pretende ter o parto normal, mas tem medo de ter complicações durante a viagem já que sua gravidez foi considerada de risco.
“Eu tenho medo de perder meu neném, ou até mesmo de não dar tempo de chegar no hospital em Rondonópolis e a criança nascer na estrada, como já aconteceu com várias mulheres daqui”, comentou.
A gestante também critica o modo de atendimento do pré-natal, uma vez que não conseguiu finalizar o exame regularmente por falta de médico.
A situação de Alto Garças não é exceção em Mato Grosso. Segundo um levantamento feito no ano passado pela Secretaria Estadual de Saúde, 60 dos 141 municípios não tinham maternidade.
Para o Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), a falta de maternidade nos pequenos municípios é um exemplo da má gestão da saúde pública.
“Falta interesse dos gestores, porque para eles é mais cômodo colocar as pacientes em uma ambulância e enviar para outras cidades. O interessante seria que o município bancasse um hospital em funcionamento para atendimento como estes, é medida simples que além de ajudar a desafogar um setor da saúde, as mães poderiam ter seus filhos próximo da família”, afirma a presidente do Conselho Regional, o médico Gabriel Felsky dos Anjos.
OUTRO LADO
Por telefone o secretário Municipal de Saúde, Paraguassu Gregório, afirmou que o município é totalmente dependente do Estado.
“Há algumas administrações passadas o Hospital Municipal foi fechado e agora existe uma normativa que cidade com menos de 20 mil habitantes não tem essa obrigatoriedade”, explicou.
Ainda de acordo com o secretário, o município faz o acompanhamento de seus pacientes e em casos de média e alta complexidade, os mesmos são encaminhados à Rondonópolis.