Quando soube que a loja American Apparel estava procurando uma modelo plus size, a artista texana Nancy Upton resolveu participar. Porém, sua inscrição no concurso foi com um tom de protesto. Afinal, o anúncio buscava uma mulher “de corpo cheio”, alguém que fosse “the next big thing” (“a próxima coisa grande”, termo usado para definir tendências).
— Os trocadilhos, os insultos e a grande quantidade de eufemismos para gorda cristalizaram uma opinião na minha cabeça. A campanha era muito ofensiva — contou Nancy ao site The Daily Beast.
Indignada, a artista de 24 anos posou seminua para uma amiga fotógrafa em cenas extravagantes, próximas a uma “orgia” gastronômica. A surpresa foi que a protestante acabou sendo a preferida do público e ganhou o concurso, cuja votação era aberta.
Espanto maior tiveram os executivos da American Apparel, que decidiram não nomear Nancy como garota-propaganda plus size. Em carta aberta à jovem, a diretora criativa da marca, Iris Alonzo, explicou:
— Pergunto-me se você agiria da mesma maneira, se tivesse parado por um momento para imaginar que a campanha era bem-intencionada e que minha equipe e eu não queremos ofender ou insultar as mulheres — disse Iris.
A carta continua, afirmando que a atitude de Nancy zombava de mulheres confiantes, que estavam animadas em participar do concurso.
— Embora você tenha sido a escolha popular, decidimos dar o prêmio a outras concorrentes, que acreditamos realmente exemplificar a ideia de beleza por dentro e por fora, e de quem teremos orgulho por representar nossa empresa — diz a carta.
— Há muitas marcas que sequer pretendem apoiar estas mulheres e nós estamos fazendo um esforço consciente para mudar isso — explica Alonzo.
Sobre o assunto, Nancy é enfática:
— A American Apparel queria tentar usar uma gorda como símbolo de desculpas e aceitação para um público que eles insistiram em ignorar por muito tempo — afirma.