Com a criação do Partido Social Democrático (PSD), estruturado em Mato Grosso pelo presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, deve haver uma verdadeira debandada de membros das demais legendas no Estado.
A legenda que mais sofrerá com as perdas de lideranças é o Partido Progressista (PP), da base aliada do governador Silval Barbosa (PMDB) e uma das siglas de maior expressão, que conta em seus quadros com o vice-governador Chico Daltro.
Em função dessa migração em massa do “ninho progressista”, o secretário de Estado de Saúde, presidente estadual da sigla e deputado federal licenciado Pedro Henry cobrou definição por parte dos descontentes e deseja que estes deixem logo o partido.
INSEGURANÇA
Segundo ele, os progressistas hoje vivem em clima de insegurança devido à indefinição daqueles que admitem nos meios de comunicação que deixarão o partido.
“Essa indefinição dos que pretendem sair cria um clima de insegurança dentro de partido. Seria bom que eles saíssem logo, deixando o terreno aberto para outros entrarem”, repetiu pela enésima vez, já que não é de hoje que ele pede a estes filiados que deixem o PP imediatamente – no período de articulação do PSD no Estado e o anúncio de que muitos progressistas admitiram deixar a sigla, ele já havia dito para que deixassem o partido logo.
Para Henry, sabendo com quem poderá contar, conseguirá aglutinar novas lideranças e reorganizar o partido. “Por enquanto, os que continuam no PP estão me empatando. Mas, após deixarem o partido, poderemos reorganizar o partido e prepará-lo para as eleições municipais do próximo ano”.
BASTIDORES
Apesar de nos bastidores muitos considerarem que o PP foi o principal derrotado com a criação do PSD em Mato Grosso, cujo futuro é tornar-se uma agremiação sem expressão, Henry discorda e diz que vai reerguer o partido novamente.
“Vou repetir o processo de construção da sigla como já fiz anteriormente. A política é feita de diálogos, articulações. Sabendo com quem posso contar, vou mapeando os municípios, chamando e aglutinando novas lideranças. Assim, montamos a legenda com cautela, mas de acordo com as suas necessidades”, lembrou.
Além de Riva, entre as principais perdas do PP está o vice-governador Chico Daltro, dois deputados federais (Neri Gueller e Roberto Dorner), três deputados estaduais (Airton Português, Luizinho Magalhães e Walter Rabello) e o secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, deputado federal licenciado Eliene Lima.
TEMPO AO TEMPO
O presidente da Assembleia Legislativa, José Riva, rebateu as críticas de Pedro Henry ao dizer que não é o dirigente partidário que define o momento em que um filiado deve deixar a legenda.
Ele lembra que o Partido Social Democrático (PSD) ainda está em processo de fundação e que existe uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permitindo a continuidade de filiados na legenda que estão até o momento de fundação de nova agremiação partidária.
“Estamos usando o dispositivo previsto na lei eleitoral e isso está claro. Então, não estamos cometendo nenhum erro permanecendo no PP e não é o Pedro Henry quem define quando devemos deixar o partido”, rebateu o deputado.
Riva lembrou que o PSD está aguardando o registro da legenda, que, em sua visão, deve acontecer até 30 de setembro. “Não tenho nenhuma mágoa com o Partido Progressista, pelo contrário, tenho que agradecer a legenda, mas eu, como os outros que deixarão o partido, tenho o direito de buscar o nosso espaço. Isso faz parte do processo democrático”, argumentou.
Após receber o registro de criação, a nova legenda deve elaborar o regimento do estatuto do partido. “Já fomos orientados que a desfiliação acontece depois da confirmação do registro da legenda”, confirmou.
O PSD foi idealizado e criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e estruturado em Mato Grosso pelo presidente da Assembleia Legislativa, José Riva.