No início da semana a Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) identificou a circulação do vírus tipo 4 da dengue, em Cuiabá. Amostras de sangue de pacientes foram analisadas e o resultado deu positivo para dengue 4, em exames de prova e contraprova. Até a presente data, o Estado de Mato Grosso havia registrado apenas a transmissão dos vírus do tipo 1, 2 e 3.
Atenta aos possíveis riscos de surtos de dengue no Estado, a patologista clínica e diretora médica de análises clínicas do Cedic Cedilab, Dra. Natasha Slhessarenko, explica que diversos laboratórios brasileiros oferecem o novo teste NS1. O procedimento, que permite a detecção precoce da doença, consiste em um exame de sangue para verificação do antígeno NS1.
O teste é mais rápido e eficaz do que os disponíveis atualmente, apresentando alta sensibilidade e especificidade diagnóstica, o que permite uma confirmação precoce da infecção pelo vírus da dengue logo após o início dos sintomas. A finalidade do exame é detectar a infecção antes do aparecimento dos anticorpos da classe IgM/IgG, que é o princípio diagnóstico da maioria dos testes.
“A sensibilidade do teste NS1 é maior nos quatro primeiros dias da doença, em torno de 80%, reduzindo para 60% entre o quinto e o sétimo dia. No entanto, a partir do quinto dia de sintomas, recomenda-se a realização do exame de sorologia com detecção de IgG e IgM, pois apresentará uma sensibilidade elevada e permitirá um diagnóstico preciso”, explica a médica.
De acordo com a especialista, o teste auxília tanto médicos quanto pacientes, além de agregar valor ao tratamento da doença. “Com a detecção precoce é possível realizar um diagnóstico mais exato e, assim, obter decisões mais acertadas para cada caso. Além disso, pode-se iniciar mais rápido o tratamento de suporte e contribuir para a diminuição da mortalidade devido às complicações da doença”, aponta.
Outras formas de diagnóstico
Além do teste NS1, a dengue pode ser diagnosticada de outras três maneiras: pelo teste do laço ou por meio dos exames de sorologia para Dengue IgG e IgM. O teste do laço, que é antigo e muito conhecido pelos médicos, é feito com o tensiômetro, aparelho comum nos consultórios que serve pra medir a pressão arterial. São 5 minutos com o braço pressionado, o que provoca pequenos pontos de sangramento na pele dos pacientes com dengue hemorrágica.
Já os exames de sorologia são feitos a partir da análise do sangue do paciente e só podem ser realizados a partir do sexto dia da manifestação dos sintomas clássicos da dengue. De acordo com a patologista, a avaliação do estado de saúde do paciente no momento em que ele chega ao consultório é fundamental, uma vez que a doença em sua fase inicial pode ser confundida com outros quadros clínicos.
Tempo para mobilização
Devido ao surgimento do novo tipo de vírus e consequente aumento da incidência da doença, a patologista clínica Dra. Natasha Slhessarenko esclarece a importância da participação ativa da população para reduzir os altos índices de infestação da doença.
Dra. Natasha explica que as ações de mobilização são fundamentais, e que a união entre profissionais, lideranças comunitárias e gestores pode gerar grandes resultados. “É importante realizar mutirões de limpeza. De nada adianta se apenas uma pessoa de cada rua tiver cuidado com a água parada, pois o mosquito contaminado pode estar na residência ao lado. Para se ter um bom resultado, é preciso que todos atuem em conjunto”, acrescenta.
A médica diz ainda que as visitas domiciliares realizadas pelos agentes de saúde são importantes, pois além de alertar os moradores sobre os cuidados para evitar a dengue, eles verificam a existência de criadouros favoráveis à reprodução do Aedes aegypti. “Os lugares onde mais se acumula água são pratos de plantas e pneus. É preciso ter muito cuidado com estes locais, para que não haja multiplicação de larvas do mosquito transmissor”, explica.
Casos
Balanço preliminar da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, por meio do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), aponta que de janeiro a 06 de fevereiro deste ano foram notificados pelos municípios mato-grossenses 1.604 casos de dengue. Destes, cinco foram diagnosticados como casos graves de dengue. Até o momento foram notificadas duas mortes, que ainda estão em fase de investigação.