Chegou a vez dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Disrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) se explicarem na CPI do Cachoeira. O depoimento de Perillo está marcado para esta terça-feira (12) e o petisa vai falar na quarta (13).
Os parlamentares esperam que eles esclareçam possíveis ligações com o bicheiro e suposto favorecimento do grupo do contraventor nos governos.
O tucano tem que explicar as contradições sobre a venda de uma mansão em 2011 no valor de R$ 1,4 milhão para Carlinhos Cachoeira, além de oito nomeações para administração de Goiás sob suposta influência do contraventor.
As inconsistências entre a versão de Perillo e a do empresário Walter Paulo Santiago, interrogado pelos membros da CPI sobre a origem do dinheiro para a compra do imóvel, levantou hipóteses de que o governador goiano teria recebido duas vezes pela transação.
Há também especulações sobre o valor de fato pago pela mansão. O pagamento declarado foi de R$ 1,4 milhão, porém haveria outra parte paga “por fora” – em diálogo obtido pela PF (Polícia Federal), Cachoeira faz menção ao valor real do imóvel, que seria de R$ 2 milhões.
As suspeitas sobre Perillo pesaram depois que Santiago deu seu depoimento na última terça-feira (5), no qual afirmou pagar R$ 1,4 milhão pela casa do governador à vista e em dinheiro – em vez de cheques, conforme sustentava o governador. O imóvel, localizado no condomínio de luxo Alphaville, em Goiânia, era utilizado por Cachoeira.
O palpite de membros da CPI, no entanto, é de que Perillo mantenha não mude sua versão. Ao comentar a situação do governador, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) foi categórico.
— Seguramente, Perillo vai chegar aqui e manter a mesma versão dos três cheques.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), no entanto, defende o governador e colega de partido, ao dizer que Marconi vai “virar o jogo” ao depor na CPMI.
— Ele vai ser convincente e vai virar o jogo. Ele vem reafirmando a mesma sequência de acontecimentos, não há contradição alguma.
A apuração das circunstâncias em que a mansão foi vendida pode ajudar a estimar a proximidade do governador goiano com Carlinhos Cachoeira, acusado de envolvimento com jogos ilegais e de comandar uma rede criminosa envolvendo políticos e empresários.
DF
Agnelo, por sua vez, é citado em gravações da Polícia Federal e suspeito de envolvimento com o contraventor. Segundo as investigações, Cachoeira teria operado para dirigir uma licitação milionária durante seu governo no DF.
Para ajudar na defesa do petista, dois deputados federais que ocupavam secretarias no governo do DF, Paulo Tadeu e Geraldo Magela, já voltaram para a Câmara dos Deputados.
Segundo o porta-voz, Ugo Braga, os deputados voltaram para a Câmara para “mostrar à CPI” questões que já foram esclarecidas sobre o possível envolvimento da Delta com o governo do DF.
— Os secretários voltaram para levar ao Congresso informações importantes que não estavam circulando por lá. Por exemplo que a Delta só tem um contrato com o DF que é o de lixo e esse contrato foi auditado em 2011, que essa auditoria foi mandada para o Ministério Público e para o Tribunal de Contas, ou seja, que o governo do Distrito Federal em vez do favorecimento, teve o contrário, fiscalização pesada e até confronto com o grupo investigado pela Operação Monte Carlo.