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Prefeitos apoiam instalação de frigoríficos para combater abate clandestino

Expandindo o número de plantas industriais para o abate dos animais, os pequenos pecuaristas ampliam as chances de comercialização da produção

Fonte: DA REDAÇÃO COM GD
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Imagem: GADO Prefeitos apoiam instalação de frigoríficos para combater abate clandestino
Foto: terra

Na tentativa de combater os efeitos negativos do abate clandestino de bovinos e o oligopólio frigorífico em Mato Grosso, os prefeitos de alguns municípios se reuniram e decidiram apoiar a instalação de indústrias frigoríficas de pequeno porte, orientados por uma equipe técnica de 48 profissionais da Associação Mato-grossense de Municípios. Atualmente estão sendo elaborados e analisados 11 projetos para implantação de frigoríficos, sendo 4 exclusivos para o abate de bovinos e outros 7 para abate misto, incluindo suínos, caprinos e ovinos. Ação foi iniciada no ano passado e pode garantir o fortalecimento das cidades que têm na pecuária sua principal fonte econômica, sendo que todos os municípios do Estado tem alguma dependência dessa atividade, em diferentes níveis, observa o superintendente da AMM, Maurício Munhoz. “O rebanho estadual é de 29 milhões de cabeças e a pecuária é a base da economia de dezenas de municípios”.

Expandindo o número de plantas industriais para o abate dos animais, os pequenos pecuaristas ampliam as chances de comercialização da produção, já que há queixas de que a concentração dos abates por grandes indústrias no território estadual contribuem para pressionar os preços do boi gordo no Estado, comercializada atualmente na média de R$ 84 a arroba, sem refletir nos preços ao consumidor.

No Nordeste e Noroeste de Mato Grosso, por exemplo, um grupo detém 100% da capacidade de abate atual, chegando a 48% em todo Estado, conforme análise da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat). Em 2008 essa capacidade não ultrapassava 14%. Incluindo outros grupos frigoríficos, 83% dos abates são concentrados por essas empresas, conforme diagnóstico do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Agrava a situação o isolamento de algumas regiões, dificultando a comercialização e o escoamento da produção.

O presidente da Acrimat, José João Bernardes entende que a baixa concorrência é ruim para o pecuarista e que o abate clandestino pressiona ainda mais os preços, já que sem o recolhimento de impostos os donos de abatedouros conseguem comercializar a carne a preços menores. De acordo com informações repassadas por prefeitos à AMM, em algumas localidades o abate clandestino responde por 40% do volume total de abates. Bernardes sustenta que o problema é maior na região Nordeste, onde está reunido o segundo maior rebanho estadual (19,2%), num total de 5,6 milhões de cabeças.

Ele observa que o combate ao abate clandestino, além de evitar problemas sanitários, diminui as ocorrências de roubo de gado. “E esse problema da concentração (de frigoríficos) é maior aqui, ao contrário do restante do país, por isso não é suficiente para ditar preço, mas esse mecanismo de expansão no número de pequenos frigoríficos deve ajudar a equilibrar melhor o mercado, porque em quase todos os municípios menores há abate clandestino”.

O presidente da Associação dos Frigoríficos de Mato Grosso (Asfrigo), Adriano Salles identifica alguns benefícios na instalação de unidades de abate bovino inspecionadas nos municípios: além da extinção dos abatedouros clandestinos, menciona a ampliação para comercialização do rebanho, a geração de emprego para população local, o aumento na arrecadação de impostos e a oferta da carne a preços mais acessíveis. “A viabilidade do frigorífico depende muito do tamanho da planta, porque o investimento é muito alto e num cenário de exportações paralisadas, fica difícil manter, mas esses frigoríficos pequenos irão atender a demanda do município”.

Projetos foram elaborados para garantir um abate máximo diário de 50 animais, volume equivalente a 5% da capacidade de um grande frigorífico, explica o superintendente da AMM. Munhoz avalia que o investimento
médio necessário no projeto de um pequeno frigorífico é de R$ 300 mil, o que pode ser feito por meio de parcerias público- privadas ou cooperativas. “Tudo é possível, porque o investimento é pequeno se comparado com o que é feito pelas grandes empresas, de no mínimo R$ 15 milhões”.

No município de Jauru, a 420 quilômetros de Cuiabá, a prefeitura garantiu o terreno para instalação de um frigorífico misto, onde possam ser abatidos bovinos e suínos, informou o prefeito Pedro Ferreira de Souza. Intenção é viabilizar o empreendimento por meio de cooperativa, atendendo inclusive outras cidades da região, onde a pecuária de corte e leiteira é a base da economia. Rebanho bovino do município está estimado em 200 mil cabeças. “Mas para isso precisamos que seja aprovada uma lei que está tramitando na Assembleia Legislativa, permitindo às empresas habilitadas
com o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) comercializar a produção em todo Estado, por que por enquanto só é permitido no próprio município”.

Para Souza, essa mudança na legislação irá aumentar as possibilidades de fixação das famílias no campo, diversificando as fontes de renda. “Isso vai fortalecer o cooperativismo de modo geral, a agricultura familiar e as microempresas, criando mais agroindústrias”. Projeto do frigorífico em Jauru, por enquanto, está sendo analisado pela AMM e deve possibilitar o abate de 200 animais por dia. “Já temos a área aprovada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), onde funcionava antigamente um abatedouro”. O prefeito garante que atualmente não há abate clandestino na região, dominada pelas grandes indústrias. “Queremos atender a demanda local, porque a carne que é vendida aqui não é a melhor, essa vai para exportação”.

Na avaliação do prefeito, os projetos dos frigoríficos em diferentes regiões do Estado podem ser apoiados pelos consórcios municipais, já que de modo independente nem todos os municípios conseguem viabilizar uma indústria frigorífica. Prefeito de Juara, Bernadinho Crozetta, revelou que aguarda a implantação de uma indústria para beneficiamento de pescado, já que os produtores da região fizeram investimentos em piscicultura, apostando na implantação da indústria. “Isso ficou acertado com a AMM e o governador Silval Barbosa, logo após ele ser eleito”.

Para viabilizar o empreendimento, a prefeitura adquiriu uma área de 5 hectares. “Mas depois disso, o projeto ficou parado, então os peixes estão sendo levados para Sorriso, onde tem frigorífico”. Crozetta acrescenta que toda a região depende de investimentos nas rodovias, para facilitar o escoamento da produção. “Se tivéssemos estradas seria fácil atrair novos investidores”. Produção local é aproveitada por laticínios, abatedouros de frango e um frigorífico de grande porte.

Em Mato Grosso há atualmente 55 frigoríficos, entre plantas habilitadas com Serviço de Inspeção Federal (SIF) e Serviço de Inspeção Estadual (Sise). Em operação há 43 unidades, considerando que 12 habilitadas com SIF estão com as atividades paralisadas. No total, as plantas frigoríficas existentes em Mato Grosso poderiam abater 38,457 mil bovinos diariamente, mas com a paralisação de algumas indústrias a capacidade atual de abates corresponde a 30,802 mil cabeças de bovinos por dia.

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