Cheques de campanha assinados pelo candidato a vice-prefeito Francisco Faiad (PMDB), que briga pelo poder municipal ao lado do petista Lúdio Cabral, teriam sido utilizados para comprar votos no primeiro turno da eleição em Cuiabá, acusa a coligação adversária “Um Novo Caminho por Cuiabá” (PSB-PR-PDT-PPS-PV).
Encabeçada pelo empresário Mauro Mendes (PSB), a coligação protocolou Ação de Investigação Judicial Eleitoral a fim de apurar a suposta captação ilícita de sufrágio e pedir a cassação da candidatura de Faiad e Lúdio. A ação se utiliza de cheques assinados por Faiad (os quais foram digitalizados e publicados pela assessoria de imprensa da coligação), mas eles não estão nominados para as pessoas que supostamente teriam se envolvido no esquema de compra de votos.
O relato no qual o grupo de Mendes se baseia dá conta que, na tentativa de vencer a eleição, a campanha de Lúdio buscou dar ares de legalidade à prática de compra de votos. Pessoas ligadas à Coligação “Cuiabá/Mato Grosso/Brasil” (PT-PMDB) teriam procurado no mínimo duas eleitoras como se para trabalharem no dia da votação como fiscais.
Contudo, no dia 7 de outubro, elas teriam sido simplesmente liberadas após receberem cheques de R$ 50,00 assinados por Faiad e entregues junto a santinhos de Lúdio, com o compromisso de votarem nele e nada mais.
Segundo a coligação de Mendes, o relato foi feito à Ouvidoria do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE) por duas pessoas: Lori Anne Macedo da Luz e a irmã Cibele Macedo da Luz, ambas supostamente procuradas por “prepostos” de Lúdio e Faiad. “Não fosse a revolta da sra. Lori Anne, ninguém saberia da prática realizada pelos representados no primeiro turno das eleições”, pontua o texto da Aije assinada pelo advogado da coligação de Mendes, José Antônio Rosa.
O advogado sustenta que a coligação PT-PMDB chegou a tentar evitar que a suposta compra de votos ficasse evidente. Eles teriam levado as irmãs Lori Anne e Cibele para um cartório a fim de assinarem um documento já preparado contendo declaração de que elas de fato trabalharam como fiscais da coligação no dia da votação.
Haveria retaliações caso elas não assinassem o termo, aponta a Aije. Elas também tiveram de assinar o extrato de uma urna.
A coligação de Mendes termina a ação sustentando que tal tipo de prática foi perpetrada pelo grupo PT-PMDB em diversos pontos da cidade. “Por toda Cuiabá houve pagamentos de supostos “fiscais”, sempre no valor de R$50,00 (cinqüenta reais), para que eles somente votassem, sendo dispensados de acompanhar a votação durante todo o dia”, registra o texto.
Procurado para comentar a Aije, Faiad não pôde se pronunciar porque estava participando de uma reunião. O advogado da Coligação “Cuiabá Mato Grosso Brasil”, José do Patrocínio, não atendeu aos telefonemas da reportagem.