O “Poderoso chefão” Bernie Ecclestone teme o fim de seu reinado à frente da Fórmula 1. Responsável pelos direitos comerciais da categoria desde 1978, o britânico de 82 anos acredita que será afastado do comando se for acusado formalmente pelo tribunal da Alemanha sobre o suposto episódio de suborno a Gerhard Gribkowsky. O antigo diretor do banco público alemão Bayern LB afirma ter recebido 45 milhões de euros (aproximadamente R$ 115 milhões) entre 2006 e 2007 para vender abaixo do valor do mercado a participação na F-1 ao fundo de investimentos britânico CVC Capital Partners, que tem Bernie como chefe executivo e gestor de negócios, e passou a assumir controle acionário da categoria. A transação foi realizada por 1,6 bilhões de euros (cerca de R$ 4,3 bilhões).
– Provavelmente eles (CVC) serão forçados a se livrar de mim se os alemães vierem para cima. Isso é muito óbvio, se eu for preso – disse em entrevista ao jornal inglês “The Sunday Telegraph”.
Ecclestone afirma que o pagamento feito não foi um suborno. Ele alega ter sido chantageado por Gribkowsky para participar da transação. O banqueiro teria ameaçado denunciar a autoridades fiscais do Reino Unido uma truste familiar comandada pela ex-mulher de Bernie. Promotores alemães ainda investigam se há acusações de corrupção para o dirigente responder.
O próprio Bernie revela que a CVC já estuda um plano de sucessão caso ele deixe o comando. Porém, o dirigente não acredita que a empresa esteja pensando em se livrar dele.
– Eles disseram que contrataram um head-hunter (uma espécie de caça-talentos) para encontrar alguém no meio para caso eu morra ou alguma outra coisa. É algo normal, para deixar todos satisfeitos – pondera.
Em julho de 2012, o Tribunal de Munique condenou Gribkowsky a oito anos e seis meses de prisão por não ter declarado a quantia recebida de Ecclesonte, além de desvio de dinheiro e fraude fiscal.
Gribkowsky afirma que o Bernie ofereceu o dinheiro para convencer o Bayern LB a vender as ações da categoria à CVC. O banco era dono de 48% das ações da Slec Holdings, companhia que controlava os direitos comerciais da F-1 e era comandada por Ecclesonte na época. Segundo o promotor do caso, Christoph Rodler, Bernie queria acabar com a ligação com o parceiro alemão, já que “se sentia acossado pelos bancos”, que, para ele, não entendiam do negócio do automobilismo.
Segundo o ex-banqueiro, foram criadas diversas entidades na operação para burlar a declaração desse dinheiro à Receita da Alemanha. Os fundos teriam origem em contas bancárias do Caribe e das Ilhas Maurício. Gribkowsky foi preso preventivamente em janeiro de 2011 acusado de corrupção, fraude e quebra de confiança com seus antigos empregadores.