As indústrias de soja do Brasil preveem que 2013 seja o “pior ano da história” em termos de logística, em um momento em que o país se prepara para colher uma safra recorde de grãos usando uma capacidade de transporte e armazenagem já saturada. Para o diretor executivo da Associação de Transportes de Cargas do Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes, o problema maior não será a falta de caminhões, mas sim a falta de estrutura.
“É uma junção de fatores que pode complicar ainda mais com o aumento na produção. Infelizmente a infraestrutura logística não acompanhou o crescimento da produtividade”, diz Miguel. A principal preocupação é com o gargalo na chegada da soja aos portos, no pico da colheita da atual safra, em março e abril, provocando fila e atraso na liberação de navios, com pagamento de multas aos armadores.
Miguel explicou que de nada adianta ter mais caminhões se não houver agilidade em todo o processo de escoamento dos grãos. Segundo ele o maior problema está na demora para embarque e desembarque das cargas e nas más condições das rodovias.
“Essa demora para carregar e descarregar aliada ao congestionamento nas rodovias e os novos horários para trafegar complicará ainda mais a situação. Muitos terminais não estão preparados e demoram de dois a três dias para liberar um caminhão, o que acaba gerando transtornos a todos”, fala.
Outro fator que também deve influenciar na próxima safra de acordo com Miguel, será o frete que deve ficar mais caro devido ao aumento de cerca de 10% do óleo diesel.
SAFRA 2012/13
A safra de grãos e oleaginosas do próximo ano deve atingir o recorde de 180 milhões de toneladas, com ampliação na colheita de soja e uma produção abundante de milho, que também passa a ser importante na pauta de embarques brasileiros.
Para dificultar haverá a implantação da chamada Lei da Jornada dos Caminhoneiros, que restringe o número de horas que o profissional pode ficar ao volante.
A Abiove afirma que há escassez de 50 mil motoristas, uma vez que a nova lei acaba fazendo com que seja necessário mais de um profissional para viagem. Segundo a entidade, entre 5% e 10% da frota de veículos de carga está parada por falta de condutores.
Com isso, o aumento no custo de transporte para o complexo soja pode subir em 70% no pico da safra, enquanto em outros anos costumava subir entre 20% e 30%, nos cálculos da entidade.