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Taxista supera obstáculos para vencer campeonato de moto de Alex Barros

Alberto 'Betoge' Braga, de 50 anos, tinha uma agência de publicidade, mas comprou táxi para poder conciliar trabalho com sua paixão pela velocidade

Fonte: DA REDAÇÃO COM G1
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Imagem: MOTO1 Taxista supera obstáculos para vencer campeonato de moto de Alex Barros
Alberto Betoge celebra título da Moto 1000 GP, assegurado em Curitiba (Foto: Divulgação)

Início da década de 1990. Alberto Braga, morador do bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, possuía uma agência de publicidade com o irmão. Porém, devido à crise econômica que assolava o Brasil na época, precisou se desfazer da empresa. Mas “Betoge” – como é conhecido desde criança – fez da dificuldade uma oportunidade. Comprou um táxi e, com seu novo emprego, pôde se dedicar mais à sua grande paixão: competir de moto.

“Troquei minha agência por um táxi e considero que fiz um ótimo negócio. Na época do Plano Collor, firmas pequenas acabaram terminando. Precisei me desfazer da agência. Com isso, decidi comprar o táxi para ter independência. Sempre quis ser corredor de moto e queria ter um emprego próprio que me desse liberdade de conciliar minha agenda e realizar meu desejo de competir. Como sou autônomo e tenho próprio carro, trabalho de segunda a sexta. No fim de semana não trabalho para poder treinar. Coloquei isso para mim. Da publicidade a gente aproveita o jeito de fazer contato nos autódromos, divulgação – explica.

Campeão de torneios estaduais na década de 1980 e de 2000, Betoge conquistou seu primeiro título nacional em 2012. Com 50 anos, o motociclista carioca faturou a taça da Moto 1000 GP da divisão Master (para pilotos acima de 48 anos) pela equipe Center Moto, assegurado na última etapa do ano, em dezembro, em Curitiba (PR). O campeonato é idealizado por um dos maiores representantes do motociclismo brasileiro: Alexandre Barros, que competiu no mundial de Motovelocidade de 1988 a 2007, juntamente com Gilson Scudeler, heptacampeão nacional. A competição, que possui mais quatro categorias, foi criada em 2011 e acaba de ser homologada pela Confederação Brasileira de Motociclismo como novo Campeonato Brasileiro de Motovelocidade.

– Disputo torneios nacionais há anos e surgiu oportunidade de participar da Master acima de 48 anos. Ganhei minha primeira moto com 12 anos, aos 16 comecei a competir no carioca e no brasileiro em 1980. Ganhei vários campeonatos no RJ e o nacional veio agora. Tem muito de determinação, de ir em busca das coisas. E consegui. Foi muito bom. Só com pessoas feras – conta o piloto, que guiou uma Suzuki.

Juntamente com a Master, Betoge competiu na categoria principal, com pilotos de todas as idades. E apesar de mais velho que a molecada, fez bonito. Na classificação geral ficou em sétimo dentre 41 pilotos. O título ficou com Luciano Ribodino.

– O pessoal da Pro é mais jovem e por isso anda mais rápido. Pela experiência que tenho de pista, consegui me manter a poucos segundo deles. Estamos nas pistas há muitos anos e, mesmo com a idade a gente ainda está se mostrando competitivo. Isso é muito legal. O importante é treinar muito. E acredito que se conseguirmos treinar ainda mais, chegaremos entre os cinco primeiros – arriscou.

Categoria apadrinhada por Alex Barros

E entre os competidores da Pro, estava o próprio Alexandre Barros, padrinho do campeonato. Porém, Betoge conta que o paulista de nível internacional que já venceu 11 corridas no Mundial de Motovelocidade participou apenas de algumas provas para não “estragar” a brincadeira.

– Ele é muito rápido. O nível dele é muito alto. Ele entrava na pista nos treinos e participava de algumas corridas, mas não de todas. Deixava para o pessoal também, né? Sou fã dele desde jovem, e ele é mais novo que eu. Conheço o Alexandre há tempos. Desde os anos 80, 90, dos autódromos. Hoje em dia a relação é diferente. O cara é um ídolo. Mas mesmo assim, é muito simples. Dá atenção a todos, dá toques. Tem um lado muito profissional. Orienta o filho, que guia bem e ganhou uma das categorias. O evento é muito profissional. O Gislon, que organiza com ele, faz um ótimo trabalho também Estão de parabéns – contou, destacando a presença do filho de Alex, Lucas Barros, de 17 anos, vencedor da Moto 1000 GP Light.

E o primeiro título nacional de Betoge veio justamente em um ano complicado para o esporte a motor em sua cidade natal, o Rio, em razão do fim do Autódromo de Jacarepaguá para dar lugar ao parque olímpico para os Jogos de 2016. Com o fechamento da pista que recebeu o Mundial de Motovelocidade e era o único palco para a prática da modalidade no estado, o taxista teve dificuldades para conseguir treinar e precisou se desdobrar para se manter competitivo e conquistar seu primeiro título nacional. Por diversas vezes, precisou viajar com a equipe para realizar treinamentos em outros autódromos, como o de Interlagos em SP.

– O problema é que ficamos sem autódromo no Rio de Janeiro. Então fica cada vez mais difícil para treinar. A gente aproveita track days e outros eventos em outros estados para aproveitar pra treinar. Mas não é só o piloto que treina. Também é equipe, mecânico, etc. Depende de muito trabalho e logística e felizmente conseguimos conciliar isso tudo.

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