A lei estadual que institui o “Programa de Resgate de Valores Morais, Sociais, Éticos e Espirituais”, de autoria da deputada Myrian Rios (PSD-RJ), repercutiu mal nas redes sociais e gerou polêmica. O texto foi sancionado pelo governador Sérgio Cabral na quarta-feira (16) e já está em vigor.
O texto da lei diz que “serão desenvolvidas ações essenciais que contribuam para uma convivência saudável entre pessoas, estabelecendo relações de confiança e respeito mútuo, alicerçada em valores éticos, morais, sociais, afetivos e espirituais, como instrumento capaz de prevenir e combater diversas formas de violência”.
Nesta sexta-feira (18), internautas revoltados com a proposta criticaram a deputada, postando fotos de ensaios sensuais feitos por Myrian Rios, na década de 70, quando ela iniciou a carreira de modelo e atriz. Os usuários das redes sociais questionavam a coerência do texto em relação à vida pregressa da deputada.
Em entrevista na sexta-feira (18/01), Myrian Rios afirmou não ter se incomodado com os comentários e frisou que o objetivo da lei é reduzir a violência no estado. “A Myrian aos 16, 17 anos tinha um comportamento. Hoje, aos 54 anos, tenho outra bagagem de vida. Aceito todas as críticas de maneira bem tranquila. Fiz o que fiz, mas quero tentar ser melhor sempre”, disse.
A deputada explicou que sugere ao governo estadual que o programa seja colocado em prática através de cartilhas, palestras e semanas de conscientização em órgãos públicos, como escolas, além de empresas privadas e comunidades.
“Parece que se desencadeou um vírus de violência, a vida ficou banalizada de repente. Por isso, eu pensei em criar o projeto para resgatar o amor ao próximo, valores morais, de família e, com isso, reduzir a violência”, explicou Myrian.
ACEITAR O OUTRO
Católica e divulgadora do movimento “Renovação Carismática”, Myrian Rios afirmou que sua religião não influenciará na aplicação da lei que, segundo ela, visa a respeitar as individualidades.
“Dentro desse resgate de valores, está o respeito à individualidade de cada um. Aceitar o outro como ele é, independentemente de religião, questão sexual, cor, classe social. O que a gente está discutindo é a paz e se o estado aprovou o projeto é porque acredita que, através dessa lei, poderá trazer mais paz para o Rio de Janeiro”, defendeu a deputada.
Procurado pela reportagem, o governador Sérgio Cabral informou, através da assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto. A Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, que ficará responsável pela aplicação do programa, afirmou que a lei ainda precisa de regulamentação, através de decreto do governador, indicando os critérios de execução e quais ações serão desenvolvidas.