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Hipertensão Arterial Pulmonar pode levar à morte

Fonte: Da redação com Diario Web
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Detectar a presença de uma doença grave pode ser muito simples. Basta um exame de ventilação e, se for constatada alguma alteração, um exame de cateterismo pode ser definitivo no diagnóstico da Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). A doença, que vitima mais mulheres, é provocada pela pressão elevada nos vasos sanguíneos que transportam o sangue não oxigenado para os pulmões. A HAP leva à falta de ar, ao cansaço e, em casos mais graves, à morte.

Com estudos em andamento em diferentes países, hoje, a perspectiva de quem sofre com a doença é de que novos tratamentos aumentem a qualidade de vida. Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, estão confiantes na descoberta de uma nova série de medicamentos, com efeitos anti-hipertensivos e antiproliferativos mais potentes e eficazes, que deverão ser lançados em um futuro próximo.

Os novos medicamentos serão desenvolvidos para atuarem em três vias – endotelina, óxido nítrico e prostaciclina (esta última, ainda não disponível no Brasil) -, tornando o tratamento mais completo. Embora já existam as três vias para tratar a HAP, até então, os medicamentos atuavam em apenas uma dessas vias, cabendo ao médico avaliar o melhor momento e o melhor medicamento para cada situação.

A boa notícia para os portadores da HAP brasileiros foi dada pelo Ministério da Saúde, no ano passado: a chegada do princípio ativo ambrisentana, um medicamento que tem como diferencial a administração em dose única diária, com rápida absorção por via oral e com menor custo do que outro da mesma classe terapêutica (antagonista dos inibidores da endotelina, um potente vasoconstritor que é ativado ao se ligar a seus receptores).

O medicamento age também na redução significativa de alterações no fígado e ainda permite a sua associação ao uso de outros fármacos, como os contraceptivos, sem que haja qualquer interação medicamentosa. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, até a chegada do novo medicamento, eram gastos cerca de R$ 60 milhões por ano com a compra de medicamentos para tratar HAP. Com a chegada do ambrisentana, o fabricante reduziu o preço do produto em 90% e os custos do governo passaram para R$ 10 milhões por ano.

Um outro medicamento que também já está disponível é o inalador iloprosta, cuja ação é semelhante à da prostaciclina – substância vasodilatadora natural, presente no organismo, que impede o estreitamento dos vasos sanguíneos e permite que uma quantidade maior de sangue flua pelas artérias dos pulmões, o que leva à diminuição da pressão sanguínea exercida dentro da circulação pulmonar.

“A terapia combinada para o tratamento da hipertensão arterial pulmonar tem sido cada vez mais indicada e a disponibilidade dessa classe de medicamentos certamente aumentará as opções para os pacientes brasileiros”, diz a pneumologista Jaquelina Sonoe Ota Arakaki, do Centro de Tratamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora da Comissão de Circulação Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Diagnóstico precoce evita complicações

O cardiologista Sírio Hassem Sobrinho, do Instituto do Coração de Rio Preto (Incor), explica que se o mal não for tratado e diagnosticado de forma precoce pode causar sérias consequências para a saúde. “O problema acontece quando a pressão média da artéria pulmonar em repouso está superior a 25 mmhg”, explica.

Segundo a Associação Brasileira de Hipertensão Arterial Pulmonar, diversos centros de referência no Estado possibilitam o tratamento e o acompanhamento desses pacientes, que necessitam de tratamento intensivo e de reavaliações periódicas. “Atualmente, são oito centros no estado de São Paulo”, ressalta a pneumologista Jaquelina Sonoe Ota Arakaki, da Unifesp.

“Trata-se de uma enfermidade de consequências graves, que pode levar a óbito e cujo diagnóstico e tratamento precoces podem evitar complicações”, emenda ela. Embora grave, a doença ainda é pouco conhecida. Em geral, torna a pessoa incapa, uma vez que, com a falta de ar e o cansaço, dificilmente consegue fazer qualquer atividade. Afeta, em geral, mulheres entre 20 e 40 anos.

Segundo Jaqueline, a HAP pode ter seus sintomas confundidos com outros problemas de saúde, o que torna mais difícil o diagnóstico, demorando cerca de sete anos. O problema é que, uma vez vítima do mal, se não tratada de forma efetiva, a doença pode levar à morte em dois ou três anos. Isso porque, ao aumentar a resistência vascular pulmonar, ocorre a sobrecarga do ventrículo direito. Consequentemente, o sangue não consegue circular corretamente e se acumula, levando à falência do ventrículo até a morte.

Em crianças, a doença pode ser congênita e, nesse caso, de acordo com informações oferecidas por um especialista no assunto, o cardiologista pediátrico suíço Maurice Beghetti, chefe do Hospital de Cardiologia Pediátrica do Hospital Universitário de Genebra, existem dois ou três sintomas muito claros: cianose (extremidades arroxeadas), o bebê respirar muito rápido e ter dificuldades para mamar. Também pode-se citar a dificuldade para ganhar peso e altura.

Cateterismo é indicado

O pneumologista Carlos Jardim, do Instituto do Coração, da Universidade de São Paulo (USP), explica que o cateterismo é insubstituível quando se trata de um exame para identificar a presença da HAP. “Existem exames que estimam pressões e débito cardíaco, mas nenhum tão completo como o cateterismo”, afirma.

O médico explica que o exame é usado para avaliar o estado de funcionamento, além de medir as pressões do coração e dos pulmões. “O cateter é um dispositivo médico que é introduzido em uma veia (do braço, da perna ou do pescoço) e vai até os grandes vasos dos pulmões”, diz.

Por intermédio do cateter, é possível identificar qual a pressão com que o sangue passa dentro dos pulmões, além de medir o número de litros que o coração consegue bombear por minuto – dados fundamentais para realizar o diagnóstico e planejar o tratamento dos pacientes. O exame demora de 20 a 30 minutos. O paciente não precisa de internação e não são necessárias sedação ou anestesia geral (somente quando feito em crianças, para que permaneçam quietas e não sintam desconforto).

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