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Léo Santos abriu mão de chance no Botafogo para brilhar no jiu-jítsu

Fonte: Da redação com Globo Esportes
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Luciano Contini e Léo Santos em ação pelo TUF Brasil 2 (Foto: Divulgação/ UFC)
Luciano Contini e Léo Santos em ação pelo TUF Brasil 2 (Foto: Divulgação/ UFC)

O sonho de muitos adolescentes brasileiros é ser jogador de futebol. Não foi diferente com Léo Santos, um dos participantes do TUF Brasil 2. A diferença para ele é que o esporte bretão ganhou um concorrente bem brasileiro por causa da influência da família. Geraldo Flores, casado com uma tia de Léo, era professor de jiu-jítsu e começou a levar os sobrinhos para treinar.

Irmão de Léo Santos e cerca de quatro anos mais velho, o hoje também lutador de MMA Wagnney Fabiano àquela altura já treinava jiu-jítsu há mais tempo. Uma vitória dele com uma chave de braço voadora despertou ainda mais o interesse de Léo pela arte suave. Ver Wagnney ter o nome gritado no ginásio fez o jovem adolescente se interessar por viver algo parecido. O futebol cada vez mais perdia espaço.

– Com 12 anos, comecei a querer jogar bola, fiz peneira no Botafogo, fiquei entre o futebol ou o jiu-jítsu. Com 15 anos, fui campeão mundial na faixa azul, o mais jovem da história. Continuei lutando e também passei na peneira da Botafogo. Como já tinha sido campeão mundial, preferi continuar no jiu-jítsu – explicou Léo Santos ao GLOBOESPORTE.COM.

O futebol perdeu uma promessa, mas o jiu-jítsu ganhou uma realidade. O título com 15 anos não foi fogo de palha. Léo Santos continuou vencendo torneios. Foram três títulos mundiais na CBJJ (Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu) e quatro na CBJJO (Confederação Brasileira de Jiu-Jítsu Olímpico).

A morte do pai em 1997, entretanto, fez a vida de Léo Santos mudar completamente. Como se não bastasse o drama de perder um ente querido, o lutador largou o sonho de continuar no topo do esporte que tanto gostava para ajudar nas finanças da casa.

– Comecei a dar aula para ajudar lá em casa. Continuei competindo, mas em 2002 perdi uma luta importante e desanimei. Conversei com meu irmão (Wagnney) e falei que ia parar de treinar, que não estava dando para competir e dar aula. Ele estava no Canadá e falou: “Vou dar um jeito aqui para te ajudar”. Passou um tempo e ele me ligou: “Você vai largar a aula e vou te patrocinar por um ano”. Vou pagar as contas e vou te dar um dinheirinho, mas você corre atrás depois”. Nem eu apostava em mim e ele acreditou. Em um ano, minha vida mudou completamente, foi quando passei a ganhar tudo.

“Quem é esse Xuxa aí?”

Com os bons resultados, a fama de Léo Santos começou a se espalhar. Em 2002, com apenas 22 anos, surgiu a oportunidade de estrear no MMA (na época ainda chamado de vale-tudo) por causa de uma lesão do amigo Vitor Shaolin. A luta seria no Japão.

– O Dedé (Pederneiras, hoje técnico da Nova União) perguntou se eu queria lutar no Japão. Eu perguntei: “É jiu-jítsu?” Ele: “Não, vale-tudo”. Nunca tinha lutado e teria 20 dias para treinar. E comecei. No primeiro dia, tomei um soco no nariz e explodiu de sangue. No fim do dia estava estirado no tatame porque eu não sabia o que ia fazer da minha vida. No dia seguinte, virei para o Dedé e disse que não ia dar certo.

Dedé não deixou Léo Santos desanimar em relação à luta, e a saga continuou.

– Ele me levou para treinar na Boxe Thai, apanhei que nem um porco. Era a academia do mestre Luis Alves, que uma vez falou assim comigo: “Léo, faz a guarda. Você vai para baile funk?” Eu: “Vou”. Ele: “Essa guarda está igual a de um funkeiro” (risos). Eu tinha aquela coisa de lutador, tentava morder, não desistir. Mas só apanhava, isso me deixava p… Faltando duas semanas, machuquei a costela. Quase uma semana sofrendo com dor, e então voltei a treinar um pouco. Cinco dias antes da luta comecei a entender o que era o vale-tudo. Só tinha jab e entrava na perna.

Mesmo só com jab e a entrada na perna na mala, Léo Santos viajou para o Japão. Somente lá ficou sabendo quem seria o seu adversário. Era um tal de Takanori Gomi. Para ele, um desconhecido. No Japão, Gomi já demonstrava o seu talento e tinha 11 vitórias em 11 lutas. Hoje, o japonês de cabelo pintado de loiro tem no currículo títulos no Shotoo e no Pride e faz parte do elenco de lutadores do UFC.

– Não mandaram a fita, não sabia quem era o Gomi. No dia da pesagem, olhei e pensei: “Quem é esse Xuxa aí? Vou espancar ele”. Arrumaram a fita, e o cara batia em todo mundo (risos). Ia ter que botar para baixo e finalizar – recordou.

Veio a luta, e as tentativas de queda foram frustradas por Gomi. Léo não conseguiu impor seu jogo, mas levou a luta até o fim. O japonês venceu por decisão majoritária. A derrota na estreia, entretanto, não desanimou. Ele continuou treinando MMA, mas as lutas que ele esperava que apareceriam com facilidade não vingaram. Foi a hora de voltar para o jiu-jítsu.

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