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Nutricionistas criam o cardápio do coração

Fonte: Da redação com Diario Web
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Não é segredo para ninguém que uma alimentação balanceada é um caminho certo para a boa saúde. Unindo os alimentos certos e deixando de lado outros que favorecem menos o corpo, é possível diminuir a chance de desenvolver algumas doenças e ter mais qualidade de vida. Uma dieta que favorece esses benefícios é a dieta mediterrânea, caracterizada pelo consumo de peixes, azeite, ingestão moderada de vinho, grãos, cereais, entre outros alimentos. Mas uma dieta tipicamente brasileira também pode garantir todos esses benefícios, favorecer e restabelecer a saúde.

A Dieta Cardioprotetora Brasileira surgiu de um estudo de nutricionistas pesquisadores do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, que foi publicado na revista científica Clinics, em dezembro, do ano passado. A ideia foi exatamente buscar uma alternativa nos alimentos, com destaque aos tipicamente brasileiros, que pudessem agir diretamente contra doenças cardiovasculares e no controle de fatores associados a riscos, informa a nutricionista Rosana Perim, gerente de nutrição do HCor.

Os voluntários alteraram a alimentação a qual estavam adaptados para a dieta recomendada pela equipe. Entre os resultados registrados estavam a perda de peso e diminuição da glicemia, hipertensão arterial, do triglicérides e, consequentemente, do Índice de Massa Corporal (IMC). Outra parcela participante seguiu uma dieta tradicionalmente prescrita na prática da nutrição e também teve bons resultados, embora menores.

Nessa dieta, os profissionais substituíram alguns produtos mais caros tipicamente presentes na dieta mediterrânea, como o azeite extravirgem por óleos vegetais, como o de soja. Da mesma forma, as nozes e o salmão, que têm preço mais altos nos supermercados, foram trocadas por castanhas-do-Pará e sardinha. Outros produtos também foram analisados e substituídos por outros exatamente para não pesar do bolso do consumidor e oferecer a ele opções mais saudáveis e completas de alimentação.

Apesar de algumas comparações e semelhanças com a dieta mediterrânea, a nutricionista do HCor ressalta que a dieta brasileira não é uma adaptação daquela famosa do outro lado do oceano. “Essa é uma dieta elaborada com alimentos brasileiros para facilitar o acesso regional e financeiro da população, principalmente das classes sociais com menor poder aquisitivo”, destaca. A nutricionista informa que entre as recomendações estão, como principais alimentos, estão: os óleos vegetais, verduras e legumes, frutas e pescados regionais, castanha de caju e do Pará e feijões.

Constatação na prática

O estudo envolvendo o HCor e o Ministério da Saúde teve início em 2011 com a proposta de criar e testar composições de dietas que tivessem como destaque o efeito cardioprotetor. Mesmo não sendo considerada uma adaptação da dieta mediterrânea, a nutricionista Rosana Perim conta que “os hábitos alimentares da região mediterrânea também foram considerados como referência no estudo”.

Ela explica que o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HCor fez uma avaliação, primeiramente, dos benefícios reais de receitas com base em alimentos reconhecidamente cardioprotetores. Além disso, outro requisito incluído é que esses alimentos puderem ser encontrados em regiões diversas do país.

“Prescrever uma alimentação adequada para pacientes cardiopatas, ou seja, que já tiveram alguma doença cardíaca no Brasil é um desafio. Isso porque muitos desses alimentos reconhecidos como cardioprotetores não são tipicamente brasileiros, como o salmão e azeite de oliva. Assim, o custo da alimentação pode ser proibitivo para alguns pacientes”, destaca a gerente de nutrição do HCor.

Estudo continua

A conquista de resultados tão animadores tem como consequência o avanço para uma nova fase, que deve durar um ano, informa a nutricionista Rosana. Agora, 40 centros de referência em cardiologia, em todo o país, também vão participar do estudo. “Em cada centro, 50 pacientes serão acompanhados por um ano. O paciente deve ter mais de 45 anos e ser cardiopata, ou seja, já ter passado por um evento cardiovascular, como infarto”, conta como deve ser os voluntários. No total, serão dois mil.

Como os nutricionistas do hospital elaboraram centenas de receitas com o envolvimento de alimentos tipicamente brasileiros – e com características comprovadas de serem cardioprotetores -, serão direcionadas para o uso nas outras 40 instituições participantes. (ver Rio Preto).

Assim, será possível confirmar e estender a validade da Dieta Cardioprotetora Brasileira, que poderá oferecer melhor qualidade de vida a milhões de brasileiros e até evitar a morte precoce. “Esperamos verificar e mensurar, ao término do estudo, o efeito cardioprotetor das receitas. Assim, acreditamos que a dieta cardioprotetora possa se tornar uma alternativa de prescrição médica para pacientes cardiopatas. No futuro, pretendemos estudar a dieta como forma de prevenção contra eventos cardiovasculares”, destaca Rosana.

Referência em dieta

A dieta mediterrânea é saudável porque possui alimentos que são fonte de vitaminas, minerais, fibras, antioxidantes, ácidos graxos mono e polinsaturados e gorduras essenciais para o bom funcionamento do coração. Larissa Marin, nutricionista de uma fábrica de óleos naturais e extravirgens, destaca que o segredo para uma boa saúde está consumir alimentos saudáveis em todas as refeições, evitando, sempre que possível, os alimentos produzidos industrialmente. Os temperos podem ajudar a dar mais sabor e evitar a rejeição a pratos ‘amigos do coração’, como ervas frescas, alho e especiarias. “O importante é combinar os alimentos considerados saudáveis em todas as refeições.

Para facilitar a adesão, existe hoje a opção em consumir as ‘gorduras do bem’ em cápsulas que nos permite inclui-los no nosso dia a dia de forma muito prática, além de diversas opções de óleos vegetais saudáveis para alternar o sabor dos pratos”, destaca a nutricionista. A dieta mediterrânea também não tem nenhuma restrição, pode ser seguida por qualquer pessoa. As únicas exceções são voltadas para os alérgicos a leite e seus derivados, glúten e outros, ressalta Larissa. “Lembrando que o consumo do vinho (outro item da dieta) deve ser moderado”, diz.

Menos risco de infarto

Apoiada em pesquisas que fortalecem ainda mais seus benefícios, a dieta mediterrânea pode reduzir problemas cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (derrame), doenças do trato gastrointestinal, diabetes, colesterol ruim (o LDL) e triglicérides altos e pressão alta. A mais recente é da Universidade de Barcelona, na Espanha.

O estudo contou com a participação de 7.447 espanhóis, entre mulheres e homens, na faixa etária dos 55 a 80 anos, divididos em três grupos. Entre as características em comum dos voluntários estavam o alto risco cardiovascular, excesso de peso, hipertensão arterial, diabetes e o tabagismo, informa o cardiologista, José Fernando Vilela Martin, presidente da regional de São José do Rio Preto, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Sogesp).

A pesquisa que durou quase cinco anos fez com que um dos grupos seguisse uma dieta pobre em gorduras, enquanto os outros dois consumiram alimentos presentes na dieta mediterrânea. “Os resultados do estudo mostraram que quem seguiu a dieta mediterrânea apresentou redução de 30% no risco de infartos ou derrames. O estudo teve de ser interrompido porque o benefício foi tão acentuado que passou a ser antiético deixar as pessoas do primeiro grupo sem a dieta do mediterrâneo”, diz Martin.

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