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Dentista deve conscientizar pacientes sobre diagnóstico precoce de câncer de boca

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O câncer de boca somente pode ser diagnosticado precocemente quando os dentistas assumirem definitivamente o posto de frente no combate deste mal. Há dentistas que já estão preparados e fazem um trabalho de prevenção de maneira eficiente. Contudo, como essa é uma doença muito frequente, chegando a ocupar o quinto lugar entre os tipos mais comuns de câncer, um número muito maior de profissionais precisa estar preparado para desempenhar a função.

Nos últimos anos, vários estudos concluíram que quando alguém tem uma lesão pequena na boca, o primeiro profissional procurado é o dentista. Por isso, é importante que ele esteja preparado para fazer o diagnóstico das patologias de boca. Se a lesão for um tipo de câncer, o diagnóstico precoce possibilita quase 100% de chance de cura. E quando a doença é diagnosticada tardiamente, o que acontece em mais de 80% dos casos, as chances de cura não representam nem 40%. Nos casos em que a pessoa consegue sobreviver, ela sempre fica com algum tipo de deformidade quando a doença é diagnosticada em estágio avançado. O mesmo não acontece se a doença é detectada no início.

Para realizar a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de boca, são necessárias medidas simples. O primeiro passo é fazer em todos pacientes uma avaliação — o exame físico extra e intraoral. Nesse exame, o dentista avalia a estrutura física da face e de dentro da boca. E ainda: a citologia esfoliativa, também conhecida como exame preventivo de câncer de boca, complementa o exame físico. Com este tipo de exame, é possível avaliar microscopicamente as condições de saúde bucal do paciente. O ideal é que esses exames sejam feitos de seis em seis meses. É aconselhável principalmente para pacientes com mais idade que fumam e bebem ou para aqueles que não tem parceiro único e fazem sexo oral. Essa é a melhor forma de prevenção do câncer de boca.

Há muitas dicas, principalmente na internet, sobre o autoexame de câncer de boca. Ele é importante, mas extremamente limitado. O ideal mesmo é a avaliação feita pelo dentista. Outro procedimento de suma importância é a biópsia. Esse exame, que é indicado em lesões como feridas, caroços, bolinhas e manchas na boca que não curam em mais de duas semanas, é muito fácil de ser feito. Porém, como mostram alguns trabalhos, a maioria dos dentistas tem medo de executar esse procedimento com receio da lesão ficar mais agressiva. É preciso esclarecer que isso não acontece. E também lembrar que, mais cedo ou mais tarde, a lesão vai ter que ser investigada e receberá esse procedimento. Neste caso, quanto mais cedo melhor.

É preciso que os dentistas se conscientizem deste problema e tentem conscientizar também seus pacientes. A prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de boca é uma meta que deve ser perseguida por todos os dentistas. Mesmo que ele não atue como agente ativo nesse contexto, deve ao menos orientar e encaminhar seus pacientes. Assim, poderá ajudar a prevenir essa doença e até mesmo a salvar vidas.

Arlindo Aburad

Dentista, doutor em Patologia Bucal pela USP e professor universitário.

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