Com uma ultrapassagem na última curva sobre Takuma Sato, o canadense James Hinchcliffe conquistou neste domingo a sua segunda vitória da temporada na Fórmula Indy, quebrando o domínio do australiano Will Power, vencedor das três edições anteriores no Anhembi. Além da disputa emocionante nas últimas voltas, a corrida foi marcada pela decepção de Tony Kanaan, que chegou a liderar a prova, mas sofreu uma pane seca. Mesmo correndo com a mão direita lesionada, Kanaan empolgou o público com suas ultrapassagens e chegou à marca de 200 largadas consecutivas. Ao parar na reta do Sambódromo por falta de combustível, ele chorou e foi aplaudido pela torcida. Terminou apenas em 21º. Helio Castroneves também teve uma prova desastrosa e repleta de incidentes. Depois de cair para o fundo do pelotão duas vezes, ele ainda acabou em 13º lugar, perdendo a liderança do campeonato para Takuma Sato. Bia Figueiredo teve problemas mecânicos logo na sexta volta e abandonou a corrida.
Vencedor das três provas anteriores no Brasil, o australiano Will Power abandonou logo na 18ª volta, depois que seu carro pegou fogo. Ele largou em 22º e já era o 11º antes do incidente. A torcida vibrou por ter se livrado do “carrasco”, ainda na esperança de uma vitória brasileira.
O público que lotou o Anhembi viu uma largada pouco movimentada para os padrões da prova. O alargamento da primeira curva fez efeito a princípio, e o trecho que antes era foco de batidas teve os pilotos passando sem problemas na primeira volta. Franchitti usou a chicane para tomar a segunda posição de Viso, que em seguida foi ultrapassado também por Kanaan.
A primeira bandeira amarela foi causada pela brasileira Bia Figueiredo, que abandonou na sexta volta com problemas na caixa de câmbio. Na relargada, Kanaan ultrapassou Franchitti e Hunter-Reay na mesma volta e assumiu a liderança.
O piloto baiano mal teve tempo de assegurar o ponto extra por liderar durante uma volta. Quando o motor de Power explodiu, ele e todo o pelotão aproveitaram para trocar pneus. O pit stop do brasileiro não foi bom, e ele perdeu duas posições, voltando em 12º. Castroneves, que já havia parado antes, subiu para terceiro, assim como Bourdais, que assumiu a liderança.
Na relargada, Castroneves perdeu o tempo da freada e escapou da pista na primeira curva, que finalmente fez suas primeiras vítimas. Graham Rahal e Ed Carpenter ficaram por ali e causaram a terceira bandeira amarela.
O erro de Castroneves nem tinha prejudicado tanto a sua corrida, mas o brasileiro voltou a ter problemas no mesmo trecho durante a terceira relargada. Tocado por Dixon, Castroneves rodou e caiu para último. Enquanto isso, Kanaan voltava ao grupo dos dez primeiros.
O brasileiro aproveitou a parada de Bourdais e assumiu o terceiro posto, mas já havia sido ultrapassado por Sato. Com pneus macios, o japonês veio com tudo, deixou Hunter-Reay para trás e tomou a liderança na 34ª volta. Por pouco tempo, porque Graham Rahal causou outra bandeira amarela, e Sato foi chamado para um pit stop.
Nova relargada, novo problema para Castroneves, que se envolveu em um engavetamento com Bourdais e Pagenaud. Depois de um tempo parado, o brasileiro conseguiu voltar à pista em 22º. Mas os três foram punidos com uma passagem pelos boxes.
E lá veio mais uma bandeira amarela, a quinta. Rei das relargadas, Kanaan não decepcionou e colou no líder Hunter-Reay. Esperou até a curva da entrada do Sambódromo e, com uma bela manobra, reassumiu a liderança na 45ª volta, levando a torcida ao delírio.
Acontece que o brasileiro começava a perder rendimento por causa do desgaste de seus pneus duros, e não só perdeu a liderança para Andretti, como caiu para a quinta posição. A demora a ir para os boxes custou caro. Na 50ª volta, Kanaan sofreu com uma pane seca e caiu para último lugar.
O brasileiro não conseguiu nem ir para os boxes, e parou no meio da reta do Sambódromo. A sua imagem dentro do cockpit esperando o reboque era de inconformismo. Kanaan não segurou a emoção e chorou após perder a oportunidade de brigar pelo pódio diante da torcida.
Kanaan até conseguiu voltar, com três voltas de desvantagem para os líderes. O novo pelotão de frente voltava a ter Sato na liderança, seguido por Newgarden. O norte-americano pressionou o japonês, mas acabou perdendo o segundo lugar para Hinchcliffe.
A briga nas últimas voltas foi entre Hinchcliffe e Sato, que resistiu até a última curva da última volta. Com mais potência, o canadense conseguiu uma heroica ultrapassagem e venceu pela segunda vez no ano. Em St Petersburg, primeira corrida da temporada, ele havia conquistado seu primeiro triunfo na Indy.