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Vacina contra HPV reduz taxas de infecção em meninas adolescentes

Prevalência da doença caiu 56% após a vacina ser introduzida, diz estudo

Fonte: Da redação com Minha Vida
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A prevalência de infecções por papilomavírus (HPV) em meninas e mulheres reduziu significativamente desde a introdução da vacina contra o HPV, de acordo com um novo estudo publicado dia 19 de junho no The Journal of Infectious Diseases. O trabalho foi desenvolvido por um pesquisador da divisão de prevenção de DST do Centro Nacional de HIV, Hepatite Viral, DSTs e Prevenção da Tuberculose dos Estados Unidos.

Os especialistas coletaram dados sobre de mulheres com idades de 15 e 59 anos que sofreram uma infecção por HPV antes do início do programa de vacinação, e compararam com a prevalência após a introdução da vacina (2007-2010). Essas informações foram retiradas do programa National Health and Nutrition Examination Survey.

A pesquisa revelou que, desde 2006, quando a vacina foi introduzida, a prevalência do HPV caiu 56% entre meninas adolescentes com idades de 14 a 19 anos. É importante ressaltar, no entanto, que esses dados se referem apenas aos tipos de HPV protegido pela vacina ? que hoje em dia são quatro. Segundo os autores, a queda nos casos de HPV foi maior do que o esperado, e pode ser devido tanto à vacina quanto mudanças no comportamento sexual da população, fator que não foi medido pela pesquisa.

Impacto da vacina no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, 137 mil novos casos de HPV são registrados por ano no Brasil. Esse vírus é tido como o responsável por 90% dos casos de câncer de colo do útero, além de atuar como protagonista em casos de câncer de pênis. Ele é o principal responsável por inúmeras doenças da região genital – que compreende colo, vagina, vulva e anus nas mulheres e, nos homens, pênis e anus. Assim como as verrugas na região genital e da boca, os cânceres causados pelo vírus do papiloma humano são recorrentes: no colo do útero, vulva, pênis e pele. Segundo o ginecologista Claudio Emilio Bonduki, da Unifesp, o HPV ainda pode levar ao câncer de vulva e de pele e provocar lesões na região oral, língua, faringe e anus, devido ao contato em sexo oral ou anal.

A vacina contra HPV já existia para o público feminino. Mas os homens também têm importante papel como vetores do HPV, ou seja, eles o carregam assim como as mulheres, como explica a ginecologista Maricy Tacla, do Hospital das Clínicas. “Enquanto eles não forem vacinados, assim como toda a população, pessoas continuarão a ser infectadas”, alerta. Por isso, desde o final de maio de 2011, eles também podem ser imunizados contra o HPV. Saiba mais sobre essa vacina:

Tipos de vacina

Há dois tipos de vacina contra HPV no Brasil: a bivalente e a quadrivalente. Ambas protegem contra, no máximo, quatro tipos do vírus, entre os mais de 100 existentes. Isso significa que, mesmo com a aplicação da vacina, a proteção não é 100% garantida.

A bivalente protege apenas contra os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero, vagina, vulva, anus e pênis. Já a quadrivalente, que foi recentemente liberada para o público masculino, protege contra esses antígenos e também contra os tipos 6 e 11, os principais agentes de verrugas genitais e condilomas, que são as verrugas genitais produzidas pelo vírus.

Hoje, o foco principal da vacina está em mulheres dos nove aos 26 anos, no caso da quadrivalente, e dos 10 aos 25, na bivalente – em especial para aquelas que ainda não iniciaram sua vida sexual. Segundo a ginecologista Maricy, isso acontece porque, teoricamente, a mulher ainda não teve contato com o vírus, o que aumenta a eficácia da aplicação. Para os homens, vale a mesma faixa etária, lembrando que eles podem tomar apenas a quadrivalente.

Contraindicações e efeitos colaterais

Fora a restrição de idade – que acontece porque a Anvisa permite apenas a aplicação da vacina em públicos onde estudos clínicos comprovaram sua eficácia – e as pessoas que são alérgicas a algum componente da medicação, ainda não há outras contraindicações. Até mesmo portadores do vírus HIV ou pessoas que já tiveram ou têm HPV e outras DSTs, lembra Bonduki, podem tirar proveito da imunização, já que existem vários tipos de vírus HPV, não apenas aquele que afetou o portador. Existem, ainda, os casos chamados “off label”: pessoas fora dos grupos especificados pela Anvisa, mas que podem tomar a vacina por solicitação médica.

Além disso, não há evidências de efeitos colaterais, apenas possíveis desconfortos locais, como edemas e dor onde a injeção foi aplicada. Estudos também indicam não haver risco na aplicação dessa vacina em conjunto com a da Hepatite B.

Como funciona

A aplicação é feita em três etapas. Com a bivalente, a segunda dose é aplicada depois de um mês da primeira e, a terceira, após cinco meses da segunda. Já na quadrivalente, a segunda fase acontece apenas dois meses após a primeira e, a terceira, também seis meses depois da inicial.

A vacina apresenta substâncias obtidas do vírus do HPV, modificado em laboratório. Ao serem aplicadas no nosso organismo, essas substâncias estimulam o sistema imunológico a combatê-las, o que desencadeia a produção de anticorpos neutralizantes. Até agora, os cientistas conseguiram confirmar que esses anticorpos duram dez anos.

A má notícia é que essa imunização ainda não está disponível na rede pública de saúde. A ginecologista Maricy conta que isso se deve a vários fatores. Um deles é o alto custo das aplicações – há uma variação de R$250,00 a R$350,00 por dose, dependendo da clínica que realizará a intervenção. “Outro problema é o processo exigido pelo Ministério da Saúde para que uma vacina seja incluída no calendário de imunizações. Muitas pesquisas são necessárias, o que atrasa o processo”, lamenta Maricy Tacla. Quem estiver interessado deve procurar um ginecologista ou um urologista. O clínico geral também pode ser procurado e, para as crianças, o ideal é consultar um pediatra.

Outras formas de prevenção

Além da vacina, a principal via de proteção contra o HPV é a camisinha, já que se trata de uma DST. Entretanto, nem o seu uso livra da contaminação. O ginecologista Bonduki lembra que o contato da região de vulva, onde a camisinha não protege, pode permitir a transmissão. Embora a imunização não esteja disponível na rede SUS, existem campanhas contra o câncer do colo do útero que incentivam mulheres a realizarem o Papanicolau, principal exame na detecção deste mal, que deve ser feito, no mínimo, anualmente.

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