“Acabou o erro de saque!” O grito da arquibancada é logo obedecido por Bruno Schmidt. A voz grave é bem conhecida, não é de um técnico e sim do seu pai Luiz Felipe Schmidt. Junto com a esposa Júnia, ele acompanha o filho Brasil afora e às vezes até em algumas etapas no exterior do Circuito Mundial de vôlei de praia, afinal, Bruno está na briga pelo título da temporada 2013 ao lado de Pedro Solberg. A família toda o apoia no Grand Slam de São Paulo, e o jogador torce para que até o tio Oscar apareça no Parque Villa-Lobos, apesar da declarada rixa da lenda do basquete com relação ao vôlei.
– Com certeza o Oscar sabe que eu estou jogando aqui, mas ele tem uma agenda cheia. Não sei qual a disponibilidade dele. Seria um prazer se ele aparecesse aqui, mas não sei. Até porque ele está em tratamento (contra o câncer), tem de cuidar da saúde. Fora da mídia ele adora o vôlei, mas ele faz questão de levar a sério essa rivalidade entre o basquete e o vôlei – disse Bruno.
O jogador cresceu sob a influência do tio Oscar, uma lenda do basquete brasileiro. Ele, que tem o nome do tio como segundo nome, até se arriscou com a bola laranja quando era mais jovem, mas a paixão pelo vôlei de praia falou mais alto. Bruno não foi o único da família a se aventurar no voleibol, pelo contrário. Seu pai também foi jogador, assim como seu outro tio famoso, o apresentador do Fantástico Tadeu Schmidt. A irmã também Júlia seguiu seus passos no vôlei de praia.
– Sempre adorei basquete. Antes de me tornar profissional eu fazia os dois em paralelo, mas o vôlei de praia sempre foi o meu grande prazer. Tive a felicidade de jogar com meu pai no início da carreira, o que foi muito divertido. Quando conquistei o título mundial sub-21 o vôlei de praia falou mais alto.
O jeito brincalhão de Oscar em público não muda quando ele está em família. Por isso, Bruno tem de aguentar as provocações do tio, que viu o vôlei crescer e superar o basquete como segundo esporte na preferência dos brasileiros. No entanto, tudo é levado na esportiva.
– Ele fala sobre isso direto. É até engraçado, porque ele é um expoente no basquete brasileiro, mas está sozinho na família. Eu, minha irmã, meu pai e o Tadeu somos fãs do vôlei. E o vôlei do Brasil está em um momento ímpar, enquanto o basquete infelizmente está perdendo a briga – disse Bruno, referindo-se à recente decepção da seleção brasileira masculina de basquete na Copa América, quando o time não conquistou a vaga para a Copa do Mundo pela primeira vez.
Sorte do vôlei de praia que o “baixinho” de 1,85m não parou no basquete. Depois do título mundial sub-21 em 2006, também ao lado de Pedro Solberg, o brasiliense não parou de evoluir no vôlei de praia e pode ter sua principal conquista neste ano. Sua dupla está na segunda posição do ranking mundial por ter uma competição a menos que os letões Smedins e Samoilovs. Por isso, o Grand Slam de São Paulo é visto como fundamental para diminuir a desvantagem.
– A etapa de São Paulo é a mais importante do ano para nós. Vai ser nosso ponto de partida para buscar o título. Vamos buscar nos aproximar dos letões a cada torneio. Eles têm um a mais, que é o Europeu. De certa forma é um pouco chato isso de eles contarem com um torneio a mais. A importância da etapa de São Paulo é enorme.
Os rivais também estão na competição no Parque Villa-Lobos. Todos começaram bem a disputa na fase de grupos e podem se encontrar na caminhada até a final, no próximo domingo. A entrada para as arquibancadas é gratuita.