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Cicinho usa fé pela web para vencer álcool

Fonte: Da Redação com Globoesporte
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No currículo, constam clubes como Atlético-MG, São Paulo, Real Madrid e Roma. As participações na Copa do Mundo, em 2006, e na Copa das Confederações, no ano anterior, também merecem destaque. É verdade que o lateral-direito Cicinho não é mais exatamente aquele que vestiu a camisa merengue e fez sombra a Cafu no Mundial da Alemanha, mas alguns progressos podem ser comemorados. Os problemas com o álcool ficaram para trás, e dentro de campo, onde defende o Sivasspor, time comandado pelo amigo Roberto Carlos na Turquia, tem um início animador na temporada.

Após passagem pelo Sport, rebaixado para a Série B no ano passado, Cicinho chegou a Sivasspor no meio do ano. Desde então, participou das sete partidas com a camisa 12 do clube no Campeonato Turco, já fez gol (na derrota por 5 a 2 para o Fenerbahçe, dia 31 de agosto) e deu quatro assistências. Para quem enfrentou problemas fora das quatro linhas que lhe tiraram a motivação de jogar futebol e abalaram a carreira, pode-se dizer que o começo da temporada aumenta a esperança numa volta por cima. Além do futebol, a religião, ainda que praticada pela internet, o tem ajudado a superar os problemas. E Cicinho garante que está construindo uma nova imagem.

– No início, (o problema com o álcool) não teve muita influência. Então, teve a Copa de 2006, fui convocado… Depois, rompi os ligamentos do joelho, lesão que me tirou do futebol por um longo tempo. Nesse momento, deveria estar em paz. Por causa dessa lesão no meu joelho, busquei solucionar o meu problema com bebida, companhias erradas… Uma recuperação que deveria levar mais de seis meses virou coisa de mais de um ano. Perdi a vontade de jogar futebol. Hoje está sendo escrita uma nova imagem do Cicinho. Houve uma mudança – disse o lateral-direito do Sivasspor, em entrevista por telefone.

O lateral do Sivasspor diz que por meio da fé superou o mau momento que quase o tirou do futebol, após ter se convertido à religião evangélica quando ainda morava em Roma. Antes mesmo de chegar ao Sport, em junho do ano passado, Cicinho não teve problemas para tornar pública sua luta contra o álcool. Tanto que, logo na coletiva de apresentação na equipe pernambucana, fez questão de falar sobre o tema. Mais que um desabafo, o jogador acredita que, dessa forma, usou sua influência como pessoa pública para cumprir uma missão que vai além do mundo material.

– Vemos muitos jogadores tomando essa direção, e Deus me usou para servir de exemplo. Outros jogadores perderam o medo de falar da vida pessoal. Somos formadores de opinião. Sei o que perdi em termos em espaço no futebol e escolhi seguir outros desejos, que não eram para um jogador de futebol profissional. Mas a minha vida hoje é outra – disse o jogador.

Pregação via Skype, frio de -30 graus… A vida na Turquia

Só que, ao chegar à Turquia, o problema para o atleta foi encontrar uma igreja que atendesse aos seus anseios. Em um país predominantemente islâmico, cheio de mesquitas, a internet acabou sendo uma boa solução para a prática da fé.

– Igreja não tem aqui. Só mesquitas. Mas tenho o acompanhamento de um pastor do Brasil. Ele faz a pregação via Skype. Sempre que possível, vejo vídeo na internet – contou Cicinho.

As diferenças culturais vão além da questão religiosa. Tem a adaptação aos hábitos, à comida, à língua… Fora o frio que faz em uma cidade localizada no leste da Turquia, a mais de mil metros de altitude.

– Sivas é a cidade mais fria da Turquia. Aqui no inverno chega a quase 30 graus negativos. A comida também não é como a do Brasil, mas nos adaptamos, e tem uma pessoa que faz pratos brasileiros. Há pessoas que nos ajudam também com a tradução. A cultura é totalmente diferente. Minha esposa sentiu um pouco, mas nada que assustasse.

Convite de Roberto Carlos e rejeição ao Vasco

A experiência na Turquia saiu do papel após um convite do amigo Roberto Carlos. O relacionamento começou nos tempos de Real Madrid, e o contato na seleção brasileira apenas os aproximou mais. Como Cicinho não chegou a um acerto com o Sport para a renovação de contrato por razões financeiras, a melhor saída foi aceitar o convite do amigo de longa data.

– Eu tinha outras propostas. O Vasco me tinha feito uma oferta concreta, mas surgiu essa oportunidade de sair do país. Eu e a minha família acabamos decidindo pela Turquia. Não pelo que me ofereceram financeiramente, mas em condições de trabalho. O convite de um amigo… Eu não poderia tomar outra decisão – afirmou o brasileiro.

Cicinho só alerta: é preciso tomar alguns cuidados quando se tem um amigo como chefe.

– Não dá para ficar muito ligado um ao outro para não confundir o papel de treinador e jogador. O Roberto Carlos é, digamos assim, o grande fator positivo da equipe e sempre foi vencedor. Ele nunca perdeu como jogador. Conquistou muitos títulos por onde passou. Como treinador, está tentando passar isso. Apesar de trabalhar em uma equipe média aqui na Turquia, ela está tentando transformar a mentalidade do clube. Está mudando o conceito no dia a dia dos funcionários para que se acostumem com a vitória – concluiu o jogador brasileiro.

Em sete partidas até agora no Campeonato Turco, o Sivasspor alcançou a sexta colocação e somou 12 pontos – quatro a menos do que o líder, o Fenerbahçe. Após emplacar uma sequência de duas vitórias, a equipe de Roberto Carlos vai encarar o Trabzonspor na próxima rodada, domingo que vem.

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