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Heptacampeão da F-1, Schumi faz 45 anos em busca da maior vitória: a vida

Fonte: Da Redação com Globoesporte
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Nascido no dia 3 de janeiro de 1969 na cidade alemã de Hürth, a 484 km da capital Berlim, Michael Schumacher é o piloto mais vitorioso da história da Fórmula 1 em números totais, com 91 vitórias, 155 pódios, 68 poles, 77 voltas mais rápidas e sete títulos mundiais. Em 19 temporadas na principal categoria do automobilismo mundial, ele arrebatou uma legião de fãs com seu estilo arrojado de pilotagem e ótimos resultados, mas também recebeu muitas críticas por passar do limite em diversas ocasiões – especialmente dos rivais com quem colidiu disputando títulos ou vitórias. Um ano depois de sua aposentadoria das pistas, Schumi completa nesta sexta-feira 45 anos de idade. Um aniversário no qual se encontra diante do maior desafio que já enfrentou. Internado em coma, ele luta pela vida após sofrer um traumatismo craniano enquanto esquiava nos Alpes Franceses. Após duas cirurgias, seu estado ainda é crítico, mas permanece estável desde a noite de segunda-feira.

Último contemporâneo de Ayrton Senna a deixar a Fórmula 1, Schumacher estreou em 1992, e viu de perto o acidente que matou o brasileiro no GP de Ímola de 1994. Uma era longínqua, em termos de segurança, da que a F-1 viveu até o começo da década de 1980, quando muitos pilotos morriam ou se feriam gravemente durante os treinos e corridas. Mas que ainda carregava resquícios de um esporte que sempre foi marcado pelo risco. Ao ver Senna perder a vida por uma batida causada por falha mecânica de sua Williams, Michael foi o herdeiro circunstancial da liderança que o brasileiro exercia na categoria naquele tempo. E ganhou com a Benetton aquele campeonato, seu primeiro na F-1, ao tirar Damon Hill (companheiro de equipe de Senna) do GP da Austrália, prova final da temporada.

Polêmicas à parte, pode se dizer que a revolução que a Fórmula 1 viveu em sua busca por segurança a partir do acidente fatal do brasileiro ajudou a salvar Michael Schumacher no pior susto que levou nas pistas, quando já era um bicampeão. Em 1999, no GP da Inglaterra, sua Ferrari perdeu os freios e ele passou reto em uma das curvas do circuito de Silverstone, acertando de frente uma barreira de pneus. A perna fraturada em dois lugares o afastou de seis provas, mas serviu de motivação para os anos seguintes. De 2000 a 2004, aproveitando-se também da grande fase vivida pela Ferrari, ele faturou cinco campeonatos seguidos. Um heptacampeão que parecia imbatível e que jamais tornaria a se acidentar de forma mais grave na F-1. Quis o destino que o maior trauma viesse justamente quando ele praticava outro esporte.

Vitórias e polêmicas desde a base

Como muitos outros campeões de F-1, a paixão de Schumacher pelo automobilismo começou bem cedo, no kart. Aos seis anos, o alemão venceu seu primeiro campeonato. Entusiasmado, o pai Rolf driblou as limitações financeiras para incentivar o talento do filho. Schumi faturou o título do campeonato alemão, e logo passou às categorias de base do automobilismo. Após o êxito em categorias como Formula Ford 1600 e F-Konig, o jovem piloto trilhou seu caminho rumo à F-1 vencendo o GP de Macau, espécie de Mundial de Fórmula 3. Para isso, se tocou com o finlandês Mika Hakkinen, que perdeu a asa dianteira de seu carro enquanto se preparava para ultrapassar o alemão.

Schumacher estreou na F-1 pela Jordan, no GP da Bélgica de 1991, e passou a correr pela Benetton na etapa seguinte, disputada na Itália. Em sua temporada de estreia, o piloto alemão somou quatro pontos e terminou o campeonato no 14º lugar. No ano seguinte, chamou a atenção da categoria ao subir ao pódio em seis corridas, incluindo o primeiro lugar em Spa-Francorchamps. Naquela temporada, Schumi terminou em 3º, com 53 pontos. Em 1993, o piloto da Benetton voltou a desafiar o domínio de Alain Prost e Ayrton Senna. Com oito pódios, Schumi passou a ser figura constante no pelotão de elite da categoria, terminando a temporada em 4º lugar.

No ano seguinte, o circo da F-1 foi abalado pelo acidente fatal do tricampeão Senna, e Schumacher se sobressaiu no cenário formado após a tragédia que vitimou o ídolo brasileiro. O primeiro título do alemão viria naquele ano, com oito vitórias e novas polêmicas. Irregularidades no carro da Benetton e uma dose exagerada de arrojo causaram duas desclassificações uma suspensão de duas corridas. Na corrida decisiva, saiu da pista quando liderava, e jogou seu carro sobre o de Hill, que tomava o primeiro lugar naquele momento. Como tinha um ponto a mais na tabela, o abandono de ambos beneficiou o alemão.

O bicampeonato pela Benetton foi consolidado de maneira mais hegemônica, com nove vitórias e 102 pontos acumulados – 33 à frente do vice-campeão, novamente o inglês Damon Hill, da Williams. No ano seguinte, Schumacher se transferiu para a Ferrari, onde permaneceria até se retirar pela primeira vez da categoria, em 2006. O início da vitoriosa parceria com a escuderia italiana, no entanto, foi marcado por um longo jejum de títulos. E, coincidentemente, por mais uma polêmica.

Após terminar a temporada de 1996 em 3º lugar, Schumacher viveria um dos capítulos mais controversos de sua trajetória na F-1. Em 1997, o piloto travava uma disputa acirrada pelo título com o canadense Jacques Villeneuve, da Williams. Na 48ª volta do GP da Europa, última etapa do ano, o alemão virou o volante de sua Ferrari repentinamente e atingiu em cheio o carro do rival, que parecia repetir a sina de Hakkinen e Hill em uma manobra de ultrapassagem. Só que Villeneuve se posicionou bem, resistiu ao impacto lateral da Ferrari e conseguiu retornar à prova, faturando o campeonato. Schumacher foi punido por sua atitude antidesportiva e acabou desclassificado pela FIA. Seu compatriota Heinz-Harald Frentzen, também da Williams, herdou o vice-campeonato.

Sequência de títulos veio após maior acidente da carreira

Bombardeado pelos críticos, Schumacher trabalhou para reconstruir sua reputação nas duas temporadas seguintes. O alemão levou o vice-campeonato de 1998 e ficou com o 5º lugar um ano depois, quando a Ferrari, defendida também pelo britânico Eddie Irvine, faturou o título do Mundial de Construtores pela primeira vez em 16 anos. Um título pelo qual ele próprio brigava até quebrar a perna em Silverstone, ainda na primeira metade da temporada. Sua história na Ferrari começaria a mudar em 2000, quando a era de hegemonia com o macacão vermelho teve início. Implacável, Schumacher venceu nove etapas, impediu o tricampeonato de Mika Hakkinen e recolocou a Ferrari na galeria de campeões do Mundial de Pilotos após 21 anos.

Em 2001, a Ferrari de Schumacher e Rubens Barrichello manteve a supremacia diante dos adversários, e emendou mais um título do Mundial de Construtores com o tetracampeonato do alemão. Em 2002, o carro era tão superior que a escuderia somou o mesmo número de pontos de todas as rivais somadas, mas o quinto título do alemão ficou marcado pela ordem de equipe no GP da Áustria, quando a equipe mandou Rubinho ceder a vitória na linha de chegada. Constrangido com as vaias do público, Schumi colocou Rubinho no lugar mais alto do pódio, mas o gesto não foi suficiente para apagar a má impressão gerada pela troca de posições na pista e por sua comemoração ao receber a bandeirada. A FIA multou a Ferrari em US$ 1 milhão por causa da postura antidesportiva do time.

Até 2004, Schumi conquistaria outros dois títulos, superando o pentacampeão argentino Juan Manuel Fangio como o mais vencedor da história. Durante os cinco anos em que dominou a F-1, o piloto da escuderia italiana colecionou uma série de recordes invejáveis, como o maior número de vitórias em uma mesma temporada (os 13 triunfos em 2004, igualado este ano por Sebastian Vettel) e o título conquistado com mais corridas de antecedência (em 2002, a seis provas para o fim da temporada). Em 2001, superou as 51 vitórias do francês Alain Prost e se consolidou como o piloto mais vitorioso de todos os tempos – marca que seria ampliada para 91 até o fim de sua carreira.

A partir de 2005, a supremacia do alemão foi desafiada pelo espanhol Fernando Alonso, que se destacou com a Renault e se tornou o campeão mais jovem da história da categoria, com 24 anos e 56 dias, derrubando o recorde anterior, que pertencia a Emerson Fittipaldi, campeão com 24 anos, 8 meses e 29 dias. O espanhol continuou implacável na temporada seguinte, e Schumacher se despediu da F-1 com o vice-campeonato de 2006. Na entrevista coletiva do adeus, no GP do Brasil de 2006, demonstrou arrependimento pelas polêmicas manobras de 1994 e 1997, contra Hill e Villeneuve.

O anúncio de que voltaria a disputar a F-1 em 2010, acolhido pela Mercedes, gerou muita expectativa nos bastidores da competição. No entanto, o piloto não conseguiu, ao longo de três anos, acumular bons resultados à frente da nova equipe. O alemão teve um desempenho constantemente inferior ao seu companheiro de time, Nico Rosberg. Sem conseguir voltar a ser protagonista na Fórmula 1, decidiu se aposentar no final do ano passado. Neste período, conseguiu apenas um pódio para somar ao seu antigo recorde de 154 na carreira: o terceiro lugar no GP da Europa de 2012.

Desde o último domingo, os fãs e até os desafetos têm se manifestado com frequência pelas redes sociais, torcendo pela pronta recuperação do alemão. Independentemente da reputação que construiu em sua carreira, no estilo “ame ou odeie”, todos querem que Schumi vença a morte nos próximos dias. Sem dúvida, o adversário mais duro que ele já enfrentou.

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