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Papo de Veterinário: Mesmo que se matar desse certo, isso seria questionável!

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Matar ainda é a palavra de ordem quando falamos de Leishmaniose Visceral Canina no Brasil. As leishmanioses, tanto a humana quanto a canina, vem aumentando em todo o país, o que fomenta cada vez mais debates sobre o tema.

Quando nos referimos à leishmaniose canina, podemos dizer que o Brasil é referência mundial ao desrespeito e ao menosprezo pela vida animal, pois a opção do não tratamento em detrimento da eutanásia de cães doentes alimenta há mais de 20 anos uma política pública capenga, manca e ineficiente para combater o crescimento dessa doença.

Não existe um único trabalho científico mostrando que o abate maciço de cães é arma eficiente para barrar o avanço desse mal. Muito pelo contrário, temos trabalhos aos montes mostrando justamente o oposto. Pegamos o exemplo de Campo Grande-MS, cidade que por muitos anos utilizou-se da opção monstruosa da eutanásia e a doença sempre em expansão.

O próprio Ministério da Saúde que recomenda a eutanásia como forma de controle da doença, publica dados oficiais do aumento do número de casos em humanos e em cães. Diante dessas evidências, precisaria ser muito inteligente para perceber que a eutanásia obrigatória não funciona? Precisa ser inteligente para perceber que as políticas públicas de combate ao aumento da leishmaniose estão falidas?

O fato é que essa questão não deve ser banalizada, já que o sofrimento de pessoas, animais e da própria ciência devem ser considerado.

Nessa semana, o deputado Luiz Mandetta, médico ortopedista e deputado federal por Mato Grosso do Sul, enviou ao Congresso Nacional um substitutivo ao Projeto de Lei número 1.738, de 2011, o qual dispõe de algumas considerações interessantes como, por exemplo, a política nacional de vacinação, campanhas de divulgação e conscientização, distribuição de coleiras repelentes, o tratamento de cães doentes, dentre outras. Já outros pontos com certeza merecerão discussão e até mesmo alteração. Independente da sua aprovação ou não, o fato é que está havendo uma discussão, o que já é importante.

Essa concepção caótica da eutanásia transformou, em todo o Brasil, inúmeros Centros de Controle de Zoonoses, os CCZs, em verdadeiros campos de extermínio de cães, sem contar as inúmeras clínicas veterinárias que seguem conduta semelhante.

Não estamos aqui questionando a eutanásia em si, questionamos o fato de ela ser usada como ferramenta de controle da doença.  Torcemos sim, que no Brasil, assim como nos países dito de primeiro mundo, o proprietário tenha a opção de tratar o seu animal. Paralelamente a essa mudança de concepção, reformular as políticas públicas de combate à doença, almejando uma política de saúde ética, humanitária e, acima de tudo, confiável.

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