Quando recebeu um folheto da Confederação Brasileira de Tiro com Arco, na escola em Maricá, no Rio de Janeiro, Marcus Vinícius D’Almeida não fazia ideia do que o futuro lhe reservava. Apenas quatro anos após começar na modalidade, o brasileiro de 16 anos conquistou nesta terça-feira o seu resultado mais expressivo até agora. Considerado um fenômeno do tiro com arco, Marcus chegou onde nenhum brasileiro tinha conseguido. Em Nanquim, nas Olimpíadas da Juventude, o porta-bandeira do Brasil disputou o ouro contra o sul-coreano Seok Woo Lee e apesar da derrota por 7 a 3 ( total 148 a 146), conquistou uma prata histórica para o país
– Ele chegou perto da perfeição e não tive como acompanhar. Eu não perdi, ele ganhou. São 30 pontos em jogo a cada set, então, são 30 pontos que tenho que fazer. Foi isso que aprendi aqui. Vim do outro lado do mundo, busquei uma medalha olímpica, é difícil descrever. É uma realização para mim, para o meu esporte, e para o Brasil. Só tenho que agradecer. É o maior resultado da minha carreira. O trabalho que tenho feito é grande, e tenho parte de um sonho realizado. Agora, me falta 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. O ouro não veio por pouco. Foi uma grande final olímpica – destacou.
Marcus Vinícius vem surpreendendo na modalidade. Ele é o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha em uma etapa da Copa do Mundo. Após quatro etapas do torneio em 2014, ele garantiu um lugar para a final final da disputa, o que o país nunca havia conseguido. Hoje, é o segundo no ranking da Copa do Mundo e o nono no ranking mundial da modalidade, com apenas 16 anos.
O caminho até a prata histórica
Marcus Vinícius entrou nesta terça-feira como favorito diante do belga Rick Martens, pelas oitavas de final. Mesmo assim, teve uma disputa difícil, vencendo por 6 a 4. No duelo seguinte, o brasileiro teve pela frente o britânico Bradley Denny, e atropelou, triunfando por 6 a 0. Nas semifinais, o rival foi o indiano Atul Verma, e nova vitória brasileira, desta vez mais apertada, por 6 a 4.
Na final, Marcus Vinícius encarou o sul-coreano Seok Woo Lee, que varreu todos os rivais até a decisão. Sua vitória mais apertada foi por 6 a 2, nas quartas de final. Nas primeiras três flechas, o coreano abriu 2 a 0, com três dez, contra dois dez do brasileiro e um nove. Em seguida, novas três flechas certeiras do rival, contra um erro do brasileiro, e 4 a 0 no placar.
Na terceira rodada, cada um acertou três flechas perfeitas, fazendo 30 pontos. O placar foi para 5 a 1, com um ponto para cada. Na quarta, vitória do brasileiro, e 5 a 3 no marcador. Na quinta e última rodada, vitória do sul-coreano, por 7 a 3 e a medalha de ouro para Seok, com dez flechas perfeitas em 12 tentadas.
– Consegui manter um nível alto. Mantive o foco. A esperança da medalha de ouro me fez manter o foco. Tenho sempre a esperança de buscar no próximo set. Mas ele não deu chance. É a primeira vez que vejo ele competir, e ele foi muito bem – reconheceu Marcus, adulto na distância de 70m, mas que em Nanquim, por ser uma competição sub-18, competiu na distância de 60m, e precisou ajustar seus treinamentos.