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Emerson celebra sucesso da nova geração Fittipaldi: ‘Amor pelo esporte’

Fonte: Da redação com Globo esporte
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Orgulho triplo. Esta foi a sensação de Emerson Fittipaldi no último fim de semana. No domingo, seus dois netos foram campeões: Pietro, de 18 anos, faturou a Protyre Fórmula Renault, na Inglaterra, enquanto do outro lado do oceano, Enzo, de 13, levantou a taça em um torneio de kart nos Estados Unidos. O bicampeão mundial de Fórmula 1 não pôde ver as conquistas ao vivo, mas por um motivo nobre, estava em São Paulo, onde no dia anterior acompanhou a estreia de seu filho, o pequeno Emmo, de 7 anos, em competições de kart, em São Paulo.  Mas em entrevista ao GloboEsporte.com, o orgulhoso avô disse que, com a ajuda da internet, pôde acompanhar e se emocionar com os feitos dos neto, que perpetuam a tradição da família nas pistas:

– Foi a maior coincidência, não é? Foi um fim de semana muito gratificante. Foi muita emoção. Como a estreia do Emmo foi no sábado, consegui acompanhar as notícias sobre o Pietro e o Enzo pela internet no domingo. Foi um fim de semana muito especial para toda a família – disse Emerson.

Família apaixonada pelo automobilismo

Pietro e Enzo são irmãos, frutos do casal Juliana Fittipaldi e Carlos da Cruz. Junto com Emmo, eles formam a nova geração dos Fittipaldi, uma família que respira automobilismo. História que começou com o pai dos irmãos Emerson e Wilsinho, Wilson Fittipaldi, que faleceu em 2013, aos 92 anos. “Barão”, como era conhecido, foi radialista e apresentador e se tornou um dos grandes entusiastas do esporte a motor no país ao se tornar o primeiro narrador da modalidade no rádio brasileiro. Sua paixão pela velocidade foi passada para os filhos. E para orgulho do patriarca, ambos levaram o nome da família até a Fórmula 1, abrindo portas para uma geração de brasileiros, incluindo Christian Fittipaldi, filho de Wilsinho. A família veloz abriu as portas também para outro piloto, o italiano Max Papis, casado com Tatiana, filha de Emerson.

E tendo vivido em um ambiente tão estimulante para sua carreira, Emerson sabe da importância da família para seus pupilos. Mas o veterano ressalta. Não basta apenas apoio familiar, é preciso também paixão. Por isso, cita o caso de outros dois de seus sete filhos:

– A família, primeiro, é importante para dar a direção e passar para eles o amor pelo esporte. E depois, tem outra coisa muito importante: o garoto que vai correr é quem tem que gostar muito. Se não gostar, não dá, não adianta o pai querer, o avô querer. Tem muito pai e avô que empurra, força a criança a fazer o que eles gostariam de fazer. Mas o amor tem que vir da própria criança. Cito o caso de meus outros dois filhos. Tanto para o Jayson (38) quanto para o Luca (23) dei um dia de kart quando eram pequenos. Eles andaram bem, mas nunca quiseram voltar. Passou seis meses e não falaram nada. E o Emmo, depois da primeira vez, falou que queria guiar mais, mais e mais. No ano passado ele foi nas 6 horas de SP e ficou vidrado nos carros passando. No GP de Fórmula 1 também, eu chamei ele para ir embora antes do fim da corrida e ele disse “Ah não, pai. Quero ficar! Quero ficar!”. Com Pietro e Enzo também era possível sentir o amor deles pelo esporte, quando começaram a entender as corridas, a minha história.

Um dos maiores nomes do automobilismo brasileiro, Emerson busca passar toda sua experiência nas pistas para a nova geração da família. Ele brinca que, além disso contribuir na formação profissional dos garotos, ajuda também a deixá-lo mais calmo – disse Emerson, que é pai de sete filhos – Juliana, Jayson e Tatiana, do casamento com Maria Helena; Joana e Luca, da união com Teresa; e Emmo e Vittoria, com sua atual esposa Rossana.

– Eu busco atuar como um conselheiro. É uma coisa que estou conseguindo separar bem. Estou sendo mais um técnico do que um avô, do que um pai. Eu vejo muito mais a parte técnica, como eles estão guiando, onde eles têm que melhorar. E com a experiência que tenho, posso ajudar. Isso contribuiu para ajudá-los e ao mesmo tempo me deixa mais calmo. Porque ficar só como pai, como avô, eu fico muito ansioso, muito nervoso – admite.

PIETRO, 18 ANOS

E foi justamente um conselho do bicampeão que fez o mais velho da nova geração Fittipaldi trocar uma promissora carreira nos EUA para entrar no caminho da Fórmula 1. Na época que morava nos Estados Unidos, Pietro começou a competir na Late Models, uma categoria regional da Nascar. E já em sua segunda temporada, em 2011, foi campeão, com apenas 15 anos. O título impressionou o avô, que viu um “algo a mais” no garoto. E no início do ano passado, Emerson conseguiu uma grande oportunidade para o neto. O milionário mexicano Carlos Slim, amigo pessoal de Fittipaldi, colocou Pietro no programa de jovens pilotos bancado pela sua empresa, a gigante da telefonia Telmex.

E Pietro está superando as expectativas. Após vencer corridas já em seu primeiro ano na Europa, o garoto fez uma temporada avassaladora em 2014 na F-Renault inglesa. Foram dez vitórias em 13 corridas, a última delas em Croft, onde assegurou o título antecipado do campeonato. Os resultados obtidos em duas categorias tão diferentes deixou o avô empolgado:

– Quando ele entrou naquele campeonato da Nascar ele já mostrou esse “algo a mais”. Era um campeonato muito difícil. Ele entrou com 14 anos e depois, com 15, foi campeão. E tinha cara de todas as idades, não era só para jovem. Tinha cara de 45 anos, que já corria a uma década, correndo contra ele lá. Para ele ganhar aquele campeonato, ele já mostrou que tinha um talento especial. Eu fiquei impressionado. E esse ano, esse domínio que ele teve na Fórmula Renault na Inglaterra mostrou mais uma vez que é especial. Não é fácil em 13 corridas ganhar dez. Os resultados dele são muito consistentes. E aí você se pergunta: “Será que ele é especial?”. Tá pintando. Para ganhar os dois campeonatos do jeito que ele ganhou, acredito que tem alguma coisa especial.

Neste fim de semana, Emerson está em Silverstone para prestigiar Pietro na última etapa do torneio.

– Eu já tinha organizado essa viagem. Eu imaginava que ele ganharia neste fim de semana, mas ele ganhou no fim de semana antes. Trouxe o Emmo para assistir, porque ele gosta tanto.

ENZO, 13 ANOS

Enquanto Pietro tem sua carreira encaminhada para chegar à Fórmula 1 em dois ou três anos, Enzo já dá indícios que pode seguir caminho semelhante. Horas depois do irmão mais velho levantar a taça na Europa, ele sagrou-se campeão das Carolinas na categoria Minimax, torneio que engloba os estados da Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia nos Estados Unidos. Aos 13 anos, porém, ele ainda não pode competir de monopostos. Por isso, Emerson pensa em repetir a fórmula que deu certo com Pietro.

– Ele está andando de kart, está dominando muito bem. E ele tem o amor e paixão para aprender cada vez mais. A idade mínima para andar de monopostos é 16 anos. Mas o próximo passo pode ser como o Pietro fez: andar na Nascar quando fizer 14 anos. Ano que vem ele já poderia estrear. Lá é muito bem estruturado, bem organizado. Já pegaria uma experiência fantástica de corrida.

EMMO, 7 ANOS

E se ainda é cedo para Enzo pensar em F-1, imagine então para o pequeno Emmo. Após ter seus primeiros contatos com o kart no ano passado, o menino de 7 anos estreou em competições oficiais no último sábado, ao disputar a oitava etapa da Copa São Paulo de Kart no kartódromo da Granja Viana, em Cotia, São Paulo. Uma estreia promissora, com um terceiro lugar.

– Ele estreou bem. Em uma categoria muito difícil, com uma molecada de muita experiência. Andou bem, treinou bem. A pista estava meio molhada, meio seca, porque havia acabado de chover. E ele foi super tranquilo, foi bem.

Mas para Emerson, que acompanhou de perto o debute do filho, o resultado nessa idade era o que menos importava. Uma lição para muitos pais, mães e avôs de pilotos, que acabam depositando expectativas de frustrações em cima de crianças pequenas, para que estas realizem seus sonhos:

– Na minha época, só se podia competir de kart aos 17. Eu corri de moto e de barco antes de correr de kart. Hoje em dia a criança com seis anos já começa a competir. Mas é importante a criança entrar no esporte como um “brinquedo”. Não pode levar muito a sério. A criança não pode deixar de ser criança fazendo esporte, tem que continuar criança. É muito pouca idade. Mas ao mesmo tempo, é importante aprender desde cedo a já derrapar, a sentir o limite dele, do kart, da pista. Aprender coisas que lhe darão uma base para o futuro.

E assim, aos 67 anos, Emerson vê seus filhos e netos darem continuidade ao seu legado nas pistas. Equilibrando-se entre o papel de pai/avô e de professor, dá conselhos, mas evita colocar uma grande pressão sobre os garotos. E orgulhoso, comemora conquistas, agora do lado de fora da pista, assim como seu pai “Barão”, que narrou seu primeiro título na F-1, em 1972.

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