O caso da pequena Iasmim Pereira Frazão de 2 anos e 5 meses comoveu a população rondonopolitana. Internada por problemas respiratórios desde o último dia 18 de setembro na Santa Casa de Misericórdia, a criança morreu na manhã de hoje (03) a espera de uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Familiares não acreditavam que estavam passando por este sofrimento, uma vez que a três dias o Ministério Público protocolou o pedido através da 6ª Vara de Infância e Juventude, determinando que o Estado, obrigatoriamente deveria arrumar uma UTI para internar a criança.
De acordo com o promotor Ari Madeira, no dia 30 de setembro, parentes de Iasmim procuraram a Promotoria para pedir ajuda. No mesmo dia a liminar foi emitida pela justiça, mas o Estado ‘enrolou’ para arrumar esta vaga.
“O parecer era para que a criança fosse transferida a custo do Estado para qualquer lugar do Brasil, particular ou da rede pública. Aqui em Mato Grosso só havia uma vaga em um hospital particular de Cuiabá”, narrou.
O promotor acrescenta que o Estado ‘enrolou’ até aparecer uma vaga na rede pública em um hospital localizado em Cáceres.
“A vaga então foi conquistada, mas devido a saúde já debilitada a menina não podia ser transferida por ambulância terrestre. Então solicitamos um transporte aéreo, mas o Estado alegou que por avião só podia se a distância fosse no mínimo de 500 quilômetros, e no caso era 460”, explica.
Ainda segundo Ari Madeira, mesmo assim a promotoria conseguiu mudar a determinação, foi quando um aparelho lá no hospital em Cáceres estragou. A médica da pequena Iasmim sugeriu mandar este equipamento aqui de Rondonópolis junto com a paciente, mas infelizmente a pequena não resistiu.
“Eu já havia preparado uma petição para travar todas as secretarias do Estado, exceto a de Saúde e Educação, mas não deu tempo de assinar. Familiares vieram me agradecer pelo esforço, mas eu me senti um inútil, já que a menina não tinha resistido”, lamentou o promotor.
RELATO DA MÃE
Iasmim e sua irmã gêmea nasceram prematuras, por volta dos seis meses de gestação. O nascimento antes da hora acarretou em uma saúde mais debilitada, ambas as meninas tinham problemas respiratórios, mas apesar disso, a mãe afirmou que elas levavam uma vida normal como a de qualquer criança.
A chegada da mãe de Iasmim na Santa Casa de Misericórdia abalou emocionalmente a todos que presenciaram a cena. A jovem Emanuele Pereira Frazão, 25 anos, não acreditava que sua filha havia falecido, e entrou no hospital desesperada, gritando pela menina. Dor que aumentou ao ver a criança enrolada em um pano na sala fria do necrotério.
“A minha filha entrou aqui andando e falando, mas hoje ela está indo embora morta. Houve negligência porque minha filha não estava tomando os medicamentos e os enfermeiros não relatavam isso a médica que foi sempre atenciosa. Eu fiz de tudo mas negaram atendimento para minha filha, trataram ela como um lixo, tanto o Estado como o hospital”, desabafa a jovem Emanuele.