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Um ano após lesão, Anderson mostra que UFC precisa mais dele que ele do UFC 52

Fonte: Da redação com Uol esporte
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Em 28 de dezembro de 2013, estava em Las Vegas, no MGM Grand Garden Arena, na primeira fila da área de imprensa. Tinha dois textos mais ou menos prontos: um para a vitória de Anderson Silva retomando o cinturão e outro para Chris Weidman se mantendo como campeão peso médio do UFC. Algo de praxe. Mas nem eu e nem as quase 16 mil pessoas que estavam lá estavam preparados para o que aconteceria no segundo round.

Derrotas fazem parte de todos os esportes e nem as maiores lendas de qualquer modalidade conseguiram se manter eternamente invictas. Anderson já tinha provado o amargo sabor de sua mortalidade com o nocaute que tinha sofrido seis meses antes. Mas ouvir o estalo de um osso quebrando, seguido de gritos viscerais do maior lutador de MMA que vimos até hoje deixou uma marca indelével nos fãs e, principalmente, no próprio UFC.

Anderson Silva foi responsável direto pela explosão da modalidade e do Ultimate no Brasil. Se nos últimos dois anos tivemos sete eventos no Brasil por temporada, muito se deve a popularidade que ele trouxe por conta de sua carreira vitoriosa e lutas em que quase sempre terminavam com show. A torcida brasileira gosta disso, de ter um campeão e – de preferência – dominante, como ele foi até cruzar o caminho de Chris Weidman.

Uma fratura como a que sofreu perto dos 40 anos seria o fim da carreira para a maioria dos atletas. Para o UFC, seria uma perda irreparável. Dana White e seus pares ainda não encontraram alguém que tenha o alcance que ele já teve. Jon Jones e Ronda Rousey, por exemplo, têm um mercado muito mais restrito aos Estados Unidos. Não ter Anderson Silva é não ter alguém que unisse tão bem americanos e brasileiros.

Cansado do peso de ser um campeão considerado invencível, Anderson aproveitou seu tempo de recuperação para fazer algo que não fazia há muito tempo por conta de seu trabalho: ficar ao lado de sua família por meses a fio em Los Angeles. Apesar das dores, parecia feliz, investia em outras carreiras (como a de ator e escritor). Finalmente estava aproveitando o fato de ser um dos raríssimos lutadores de MMA que ficaram ricos o suficiente para não precisar mais trabalhar após deixar o octógono – isso se não for o único.

Mas a vontade de voltar falou mais alto. Ou foi o tamanho do cheque que Dana White ofereceu para ele. Nunca saberemos os valores ou os termos envolvidos nessa negociação, mas depois de um ano tão complicado como o que o UFC teve em 2014 – com lesões, dopings e importantes combates cancelados – seria muito importante para a franquia ter de volta no próximo ano seu lutador mais renomado.

O retorno de Anderson Silva, de preferência com uma boa vitória sobre o limitado Nick Diaz em 31 de janeiro, alavancaria futuras vendas de pay-per-view e bilheteria, ainda mais se envolver uma nova disputa de cinturão. Isso sem contar o caminhão de mídia e divulgação que o UFC voltaria a ter no Brasil, seu segundo maior mercado consumidor.

Voltando àquela fatídica noite, um ano atrás, fiquei um minuto sem reação após ouvir o estalo e o grito, seguido do burburinho abafado do ginásio. Esse tempo é uma eternidade para publicar uma notícia na internet. Tinha de começar um texto do zero, relatar o que tinha acabado de acontecer bem na minha frente e ainda digerir a cena.

Saí na arena já planejando como chegaria ao hospital onde ele passaria por uma cirurgia, o tempo que teria de ficar no frio que faz em Las Vegas nessa época do ano e como faria as repercussões seguintes sobre o ocorrido. Era meu trabalho como jornalista. Mas nada me tirava da cabeça que eu nunca mais veria o Spider dar seu show no octógono novamente. Para nossa sorte, eu estava enganado.

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