O ano letivo começou a mais de 30 dias e os alunos indígenas da região do distrito de Nova Galileia (distante 34 Km de Rondonópolis), só conseguiram assistir no máximo 15 dias de aulas. Acontece que com os problemas de infraestrutura na MT-458, tais como buracos e atoleiros, o ônibus que transporta as crianças para a Escola Estadual Sete de Setembro localizada no distrito, quebra ou atola com frequência, impossibilitando as crianças de chegarem até o destino. Hoje (12) pela manhã não foi diferente, com o ônibus atolado por causa da má condição da estrada, mais uma vez os alunos não conseguiram ir ao colégio por falta de um compromisso do Poder Público.
A cena das crianças ‘dando’ adeus à mais um dia de aula perdido e retornando para suas casas, a pé, em meio ao lamaçal, conforme a foto anterior, é lamentada pela presidente da Associação dos Moradores da Nova Galileia e coordenadora da escola citada, Sueli Maria Pirez.
“Desde o dia 9 de fevereiro os alunos conseguiram ir a escola no por no máximo 15 dias, o restante é tudo assim, eles ligam apenas avisando que não veem, pois o ônibus quebrou ou não conseguiram passar. Essa semana eles vieram na aula apenas uma vez”, desabafa Sueli.
O ônibus transporta cerca de 50 alunos de seis aldeias indígenas, contudo, este é um problema que abrange toda comunidade, uma vez que outros alunos da mesma linha e proprietários das fazendas da região também utilizam a via. “É questão de segurança. O perigo está em o ônibus tombar e machucar um desses alunos” desabafa Sueli.
Ainda de acordo com Sueli, a estrada que nunca foi boa, piorou depois dos protestos dos caminhoneiros, feitos durante o mês passado, já que alguns dos motoristas que queriam fugir dos bloqueios, utilizavam a estrada como desvio.
SUGESTÃO
Sueli Maria afirma já ter proposto uma solução para o problema. Diante da situação os moradores se propuseram a ajudar e pediram para a Prefeitura Municipal de Rondonópolis, dois veículos motoniveladora (patrol) para apoiar os moradores, porém, até agora a comunidade está sem resposta.
“Nós entendemos que no período, devido às chuvas, não dá para arrumar as estradas, mas gostaríamos que pelo menos dessem um jeito nesse atoleiro. Sugerimos duas máquinas niveladoras. Nem essas duas máquinas eles providenciaram. Será possível que diante de tantas roubalheiras que vemos neste país, a Prefeitura não tem nem condições de providenciar pelo menos duas máquinas. É isso que causa mais revolta ainda” finaliza a coordenadora.
O IMPASSE
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra), a pasta lançou no mês passado, o programa emergencial para as rodovias, Pró-estradas, em parceria com as prefeituras.
Por isso os prefeitos devem comparecer a Sinfra para assinar o Termo de Cooperação Técnica (TCT), e assim receber os insumos (como massa asfáltica para as rodovias pavimentadas e óleo diesel para as não pavimentadas).
O início das obras depende ainda da elaboração do plano de trabalho que fica a cargo da prefeitura local, para ai sim ser liberados os insumos, porém o município de Rondonópolis ainda não assinou o TCT junto a Sinfra.
CODER
A Assessoria de Imprensa da Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder), explicou por telefone que essa estrada, por ser uma rodovia estadual, ela é de competência do Estado. Mesmo assim a entidade tem arrumado algumas estradas rurais, entretanto, a via citada na reportagem não está no cronograma de recuperação.
Ainda segundo a assessoria da Coder, no mês passado integrantes da companhia se reuniram na Capital, juntamente com a Sinfra Estadual, para propor um contrato de recuperação, para que entidade faça a recuperação constante da via, a qual pode por fim neste problema. Mas isso também ainda não passou de discussões.
PREFEITURA
A Prefeitura Municipal de Rondonópolis confirmou que o Termo de Cooperação Técnica (TCT) com o Estado não foi assinado, e que também não há perspectiva para tal. O motivo não foi divulgado. A informação é da Assessoria de Imprensa da Prefeitura.
Quanto a ceder maquinários, para que os moradores possam fazer a recuperação da estrada, a assessoria acrescentou que o Executivo não pode ceder maquinários a terceiros, uma vez que isso pode caracterizar no futuro improbidade administrava.
REVOLTA
Em meio aos problemas, a presidente e coordenadora afirma que caso não tomem providências, um manifesto está previsto para a próxima semana.
“Se não tomarem providências, segunda-feira (16) vamos fazer um protesto na frente da Prefeitura. Eles fazem uma espécie de jogo. A Coder fala que o problema é de responsabilidade do Estado por se tratar de uma ‘MT’. Já o estado afirma que tem um convênio com a Prefeitura. Fica aquele jogo de empurra e ninguém resolve nada. Enquanto isso, os alunos perdendo aulas. Estamos decididos se não tomarem providências vamos lotar esses ônibus e vamos acampar em frente a Prefeitura até ter uma solução. Não dá para essas crianças perderem mais aulas. É um direito de todos e dever do estado proporcionar o ensino. A escola está lá aberta, mas a estrada não colabora” finaliza a presidente.
VEJA VÍDEO: