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Bezerra critica governo por não acompanhar crescimento agrícola

Da assessoria
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A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda que a capacidade estática de armazenagem de um país seja igual a 120% de sua produção agrícola anual. Contudo, de acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), existem hoje, no Brasil, silos e armazéns para menos de 80% da safra.

Com base em dados que apontam um grande déficit na capacidade de armazenagem de grãos, o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), em pronunciamento na Câmara, fez duras críticas ao governo federal pela falta de uma estrutura “eficiente e compatível” com o tamanho do agronegócio brasileiro, que vem causando prejuízos cada vez mais expressivos aos produtores rurais.

Bezerra observou que a projeção para este ano é de uma safra de cerca de 200 milhões de toneladas de grãos, ante uma capacidade de armazenagem de pouco mais de 150 milhões. Para atender à recomendação da FAO, disse, seriam necessárias unidades armazenadoras para 240 milhões de toneladas, o que corresponde a um déficit de 90 milhões.

“Sem a possibilidade de armazenar sua produção, os agricultores se veem obrigados a comercializar os grãos logo após a colheita, em uma época em que há excesso de oferta, quando os preços estão mais baixos. Além disso, acabam pagando valores de frete mais elevados, devido à grande demanda por esse serviço”, afirmou o deputado.
Bezerra lembra que, para complicar ainda mais a situação, muitos silos e armazéns existentes hoje estão localizados distantes dos locais de produção, inviabilizando sua utilização. Mais ainda, são estruturas de 35, 40 anos atrás, já ultrapassadas, o que ocasiona perdas não só na quantidade, mas também na qualidade dos grãos.

“Somado a isso, grande parte dos armazéns não está nas propriedades rurais, mas sim nas mãos das chamadas tradings. O armazenamento realizado na propriedade rural pode minimizar as perdas, reduzir os gastos dos serviços executados e cobrados pelos armazenadores e, também, os custos com frete, além de possibilitar a geração de empregos no campo”, disse.
Segundo Bezerra, o produtor dependente de espaço em armazéns de terceiros não realiza suas atividades de acordo com suas necessidades e acaba perdendo o controle e a oportunidade de melhor comercializar seu produto.

“As ações do governo federal não têm sido suficientes para fazer frente ao enorme déficit na capacidade de armazenagem no Brasil. O Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) se mostraram limitados. Problemas como a dificuldade na liberação de recursos e o excesso de burocracia são relatos frequentes dos produtores”, criticou.

Disse Bezerra que o ritmo acelerado de deslocamento da produção de grãos para a região Centro-Oeste não foi seguido pela construção de infraestrutura equivalente, o que provocou um vazio logístico na região.

“A situação mais complicada no setor de armazenagem é registrada no meu Estado, o Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil. A capacidade estática do Estado é de pouco mais de 30 milhões de toneladas, ante a projeção de safra de grãos de 49 milhões de toneladas, de acordo com a Conab”, afirmou o deputado.

Para o parlamentar mato-grossense, a situação é ainda mais alarmante porque a produção agrícola vem crescendo em ritmo mais acelerado que a capacidade de armazenagem. A safra brasileira deve crescer cerca de 25% nos próximos três anos, segundo projeções do Banco Central, atingindo mais de 250 milhões de toneladas, o que deve ampliar o gargalo logístico.

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