Neste ano de 2015 o Brasil deve registrar mais de um caso de hanseníase a cada dez mil habitantes. Também, o país pode ser o único, entre os que assinaram o acordo “Objetivos do Milênio”, que ainda não conseguiu eliminar a doença. A preocupação é do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), manifestada na Câmara Federal.
O deputado afirmou que, no início deste ano, o Ministério da Saúde divulgou dados “aparentemente positivos” da situação da hanseníase no Brasil, segundo os quais a taxa de prevalência da doença havia caído 68% entre 2003 e 2013.
No entanto, segundo Bezerra, essa queda não foi suficiente para que o País como um todo cumprisse o objetivo estipulado pela Organização das Nações Unidas (OMS) de eliminar a hanseníase até o final deste ano.
“Apenas o Distrito Federal e outros oito estados da federação atingiram a meta fixada pela OMS”, alertou Bezerra.
O deputado citou pesquisa que aponta a distribuição desigual da hanseníase no Brasil. Dos casos diagnosticados, 80% concentram-se em apenas seis estados da Amazônia Legal, onde as pessoas têm mais dificuldade de acesso às unidades de saúde: Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins, Rondônia e Goiás.
Muitos casos também ocorrem em centros urbanos da região Nordeste. Isso se dá porque a hanseníase é uma doença contagiosa associada à precariedade e à desigualdade social.
“Manifesto a minha preocupação quanto a essa doença que atinge relevante parcela dos cidadãos brasileiros. Ademais, solicito que o Poder Público cada vez mais envide esforços para combater essa enfermidade que, apesar de tratável e com altos índices de cura, tem causado tantas deformidades físicas e até mesmo mortes neste País”, disse o deputado.
Bezerra lembrou que o Ministério da Saúde lançou, em janeiro, a campanha “Hanseníase: quanto antes você descobrir, mais cedo vai se curar”. O diagnóstico precoce é fundamental, porque, quanto antes for descoberta a doença, menos impactante é a sua evolução.
Essa campanha, afirmou o deputado, veio “num momento crucial” da luta do Brasil contra a hanseníase. Dados preliminares do Ministério da Saúde para 2014 indicam que pode ter havido aumento da prevalência da doença nesse ano. “Isso é uma informação aterradora”, lamentou Bezerra.
O deputado ressaltou que Artur Custódio, coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, afirmou que essa doença já podia ter sido eliminada do País.
Atualmente, a hanseníase (também conhecida como lepra) é uma doença curável. É transmitida pelas vias aéreas por paciente sem tratamento. Assim que se inicia a terapia medicamentosa, a pessoa acometida pela moléstia deixa de transmiti-la e interrompe o ciclo.