Além de reconhecer os territórios da Autoridade Nacional Palestina como um Estado, o Papa Francisco vai canonizar duas freiras árabes no domingo (17).
O Papa que rezou diante do muro que representa o poder israelense e voou direto para os territórios palestinos, sem fazer escala em Israel no ano passado, agora sinaliza a mais de 1 bilhão de católicos que o líder que eles tanto admiram defende que esse povo de maioria muçulmana tenha um país e não dependa mais dos vizinhos para decidir o seu destino.
O documento que Francisco vai assinar com o presidente Mahmoud Abbas é de interesse do Vaticano, protege lugares católicos em terras palestinas, mas o problema, dizem, mora nos detalhes: pela primeira vez, o Vaticano escreve “Estado da Palestina”.
Assim, o Papa Francisco aproxima os cristãos dos muçulmanos, mas ao tentar romper com um mal-estar, acaba criando outro.
Em Israel, mesmo quem reconhece os esforços de Francisco para se aproximar dos judeus agora reclama do Papa. Autoridades dizem que o reconhecimento de um Estado Palestino ameaça a segurança dos israelenses ao mesmo tempo em que afasta a possibilidade de um acordo de paz. Mas não há ilusões em nenhum dos lados do muro: faz mais de um ano que não se fala em negociações de paz.
O governo isralense que tomou posse na quinta-feira (14) é muito mais à direita do que o anterior. E na sexta (15), durante as manifestações contra a perda de terras e direitos em consequência da criação de Israel em 1948, o presidente Mahmoud Abbas voltou a colocar as condições deles para um acordo: e eram exatamente as mesmas que Israel rejeitou da última vez.
Em vez de negociar com os vizinhos, Abbas procura apoios longe do Oriente Médio. A Suécia reconheceu o Estado da Palestina em outubro, e os parlamentos da Europa, do Reino Unido, da Irlanda, Espanha e França pediram a seus governos pela criação do país palestino. A ONU reconhece a Palestina como Estado-observador, mas não como um membro pleno.
A aproximação cada vez maior do Papa aumenta a pressão. Sem falar que no domingo (17) o Papa Francisco vai canonizar duas freiras, fazendo os católicos do mundo inteiro chamarem palestinos de santos.