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Técnicos Cubanos são maioria entre profissionais importados pelo Brasil para o Rio-2016

Da redação com Uol Esporte
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O esporte olímpico brasileiro tem uma meta para 2016: com os Jogos realizados em casa, o Brasil quer terminar entre os dez primeiros. Uma das apostas para conseguir realizar esse objetivo está na qualificação dos técnicos: o número de treinadores estrangeiros trabalhando é imenso. E, nesse universo, Cuba aparece como o país que mais contribui para a formação de talentos verde-amarelos.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) tem uma lista de 40 técnicos estrangeiros trabalhando diretamente com seleções brasileiras. Desses, cinco são cubanos: Justo Navarro e Julian Silva no atletismo, Pedro Garcia e Angel Torres na luta e Daniel Hernandez no tiro. Outros mais trabalham em federações ou clubes pelo país. A Confederação Brasileira de Atletismo conta ainda com Santiago Antúnez, técnico do campeão olímpico Dayron Robles, por exemplo. No levantamento de peso, Fernando Reis tem um parceria com Luís Lopez. Todos formados no sistema esportivo da ilha caribenha.

“O povo brasileiro e o cubano são muito parecidos. E a vida é boa aqui, para quem trabalha muito”, diz Julian Silva, casado com uma brasileira e no país desde 1995. Santiago Antúnez, eleito o melhor do mundo no atletismo em 2010, está viajando pelo país, dando clínicas para treinadores. Mas também tem dado assessoria para atletas da nova geração de barreiristas – no Troféu Brasil, disputado na semana passada, Eder Souza fez o índice olímpico nos 110m com barreira e creditou ao cubano.

“Estou há cinco meses no Brasil, dando clínicas, mas já trabalhei aqui, entre 1997 e 1999. Adoro o Brasil. É muito parecido com Cuba, no povo, na comida… E tem um potencial esportivo enorme. Sempre digo que o Brasil é um gigante esportivo adormecido. E quando acordar, nenhum país no mundo poderá chegar ao mesmo nível. Nem mesmo os EUA”, elogia Santiago.

O entusiasmo com o Brasil é comum aos técnicos que vieram do exterior para cá. Pat Oaten, canadense do polo aquático, trabalha com a seleção feminina há pouco mais de um ano. “As brasileiras têm algo diferente. Tecnicamente, pelo número de praticantes e a falta de tradição no esporte, ainda falta alguma coisa. Falta um pouco de experiência. Mas elas compensam com uma criatividade para criar as jogadas que é única”.

A opinião é parecida com a de Chris Neil. Ele trocou a Nova Zelândia por São Paulo para comandar a seleção feminina de rúgbi. “No Brasil, é rúgbi é um esporte pequeno. Temos de aceitar, essa é a nossa realidade. Mas o que as meninas já alcançaram é incrível. Elas estão dentro do top-10 do esporte no mundo. À frente de países em que o rúgbi é o esporte nacional. Isso é um feito e tanto”, comemora.

As barreiras encontradas pelos técnicos estrangeiros, no entanto, são as mesmas para todos eles. Entre as reclamações sobre infraestrutura (como no atletismo) ou número de jogadores (como no rúgbi ou no polo aquático), está a língua portuguesa. Pat Oaten, por exemplo, dá seus treinos em inglês, com algumas palavras em português. Quando grita para que suas atletas fechem a marcação no meio da piscina, sua pronúncia da palavra “meio”, às vezes, se confunde com o nome de uma de suas atletas, Mel. “Às vezes acontece um problema de comunicação, mas as garotas vão se acostumando”, conta.

Seu companheiro no polo, o croata Ratko Rudik está no comando da seleção masculina. Tetracampeão olímpico com Iugoslávia, Itália e Croácia, ele não fala muitas palavras em português. Consegue se comunicar em inglês, mas prefere o italiano para dar os treinos. “A língua não é um problema. Na hora, os jogadores sempre entendem”, sorri.

Na ginástica, o problema é um pouco maior. Alexander Alexandrov, russo com vários títulos olímpicos no currículo, trabalha diretamente com os técnicos brasileiros. Fala apenas russo. “A comunicação é difícil. Ele se frustra por não conseguir passar tudo o que quer. E os técnicos se frustram por não entender o que é pedido. Mesmo assim, o trabalho dele é excepcional”, analisa Georgette Vidor, coordenadora da Confederação Brasileira de Ginástica. As dificuldades só diminuem às quintas-feiras, quando uma intérprete vai aos treinos. “Aí, todos aproveitam”, completa.

Individualmente, cada um aproveita a vida no Brasil como prefere. Julian, por exemplo, já se considera: em portunhol, faz questão de dizer que é casado há 13 anos com uma brasileira. Rudic aproveita a vida cultural do Rio de Janeiro, onde mora. Principalmente indo a shows de Bossa Nova. “Aqui não tem tantos jogos de polo para assistir. Então, sobra um tempo para sair um pouco, conhecer a cidade. Mas só faço coisas que estão de acordo com minha idade. Não sou garoto”, brinca o croata de 66 anos.

Já o neozelandês Neil aponta uma diferença gigante entre seu país e a cidade em que está morando: “O trânsito. Mas, também, São Paulo tem seis vezes mais moradores do que a população total da Nova Zelândia. Por lá, trânsito só de ovelhas”.

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