O Hospital Santa Casa de Misericórdia de Rondonópolis está há cerca de cinco meses sem receber o repasse feito normalmente pela prefeitura do município para arcar com pacientes vítimas de infarto. Por conta disto, segundo a assessoria da Santa Casa, 15 pacientes cardíacos que dependem do SUS aguardam por cirurgias.
As operações, que eram realizadas de forma terceirizada pelo Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Centro-Oeste (Lacic) foram paralisadas no mês de setembro em razão do atraso da verba que chega a R$ 878.722 mil. Enquanto aguardam ser atendidos nos hospitais habilitados em Cuiabá, os pacientes estão internados a base de medicação.
Pai de três filhos e estudante de engenharia civil, o agrimensor Ademir Bastos, 62 anos, conta que está internado há 31 dias na Santa Casa. Ele sofreu dois infartos em 40 dias e conta que precisa passar por uma cirurgia de angioplastia. O custo da operação pelo setor privado, segundo ele avaliou, fica entre R$ 90 a R$ 110 mil. “Eu tenho a minha família para tratar, tenho a minha faculdade, estou no 6º semestre, eu tenho que pagar a faculdade também dos meus filhos, a despesa de tudo chega a R$ 4 mil por mês. Meu caso é urgentíssimo, estou sobrevivendo com a medicação”, desabafou Ademir.
Segundo o paciente, ele foi chamado para realizar o procedimento do cateterismo em Cuiabá. Porém, não tinha transporte para levá-lo até a capital mato-grossense. “Eu recebi a senha do cateterismo, porém, não havia ambulância para me levar. Peço para que nossos representantes façam uma visita ao hospital e vejam a nossa situação, o descaso com essa falta de repasse”, declarou o agrimensor.
No hospital, há pacientes que aguardam há cinco meses pela cirurgia. Seu Franciso Alves Feitosa, 53 anos, está internado há 55 dias e ele aguarda ser chamado para uma cirurgia de angioplastia simples. “Eu sou mototaxista e vivo do que ganho, tenho uma filha de 16 anos e minha esposa que está garantindo nosso sustento”, disse o paciente.
Outro lado
De acordo com a secretária Municipal de Saúde, Marildes Ferreira, os serviços de cardiologia são de alta complexidade e de responsabilidade do governo do Estado.
“Devemos três meses a Santa Casa e não vamos continuar com esse serviço, porque é responsabilidade do governo do Estado, tentamos custear com recursos próprios para ajudar no bem da população rondonopolitana. Esperávamos que o Ministério da Saúde habilitasse a Santa Casa para que realizasse este serviço de saúde, porém como não ocorreu, os pacientes agora estão sendo regulados e mandados a Cuiabá”, explica a secretária.
Ela explica que o custo-benefício é maior, porém, em Cuiabá há três hospitais habilitados. “O povo de Rondonópolis merece que este serviço seja ofertado, não acho justo esses três receber recursos federais e do Estado e em Rondonópolis ser custeado com recursos próprios”, disse Marildes.
Com relação ao transporte, ela explicou que isso é eventual. “As vezes, a demanda para ir a Cuiabá é grande, são quatro ou cinco, e nestes casos, precisa que seja uma ambulância UTI. Não é falta de transporte, é muito serviço em um dia só para atender na cidade e Cuiabá,” secretaria.