Bater na madeira, enfileirar objetos, verificar se a porta está fechada, as luzes apagadas, evitar pisar nas linhas das calçadas, colocar primeiro o pé direito no chão, cada um tem sua mania, mas quando isso passa a ser de forma excessivas e irracionais isso pode ser um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Preocupação excessiva, comportamentos compulsivos, pensamentos obsessivos, são algumas características do transtorno.
Para falar sobre o assunto, a equipe do site AGORA MT procurou a psicóloga Katherine Rabelo, para esclarecer as diferenças entre mania e TOC e tirar dúvidas sobre o transtorno.
“É preciso esclarecer a diferença entre comportamentos corriqueiros, manias e costumes e o TOC. Sobretudo, porque a nossa intenção é alertar as pessoas sobre quando o Transtorno pode estar em sua fase inicial, e ainda não se tornou um sofrimento para a pessoa e sua família. A fase inicial não é fácil de ser identificada, e pode ser disfarçada, porque geralmente as pessoas desenvolvem a habilidade de esquivar-se das críticas para realizar seus “rituais” em secreto” explica a psicóloga.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – V) o TOC está classificado em um capítulo específico: “Transtorno Obssessivo-Compulsivo e Transtornos Associados”. Verifica-se que os sintomas do TOC são diferentes da mera ansiedade, eles se caracterizam pela presença de obsessões e/ou compulsões.
Conforme a psicóloga, a obsessão é pensar recorrentemente em impulsos ou imagens indesejadas e repudiadas que provocam sentimentos (respondentes) aversivos. Para suprimir, ignorar, e se esquivar dessas obsessões, a pessoa recorre a outro comportamento (pensar ou agir) denominado compulsão. A compulsão é consequência da obsessão, e assim, elas se tornam ciclicamente intermináveis, em situações mais graves.
Ela explica que sentimos as emoções ao mesmo tempo agimos, e não temos a separação dos eventos. Da mesma forma no TOC, a obsessão e a compulsão também ocorrem simultaneamente. Ao passo que uma simples mania não afeta as emoções, ela apenas foi repetida sem contexto significativo para a pessoa, sem ansiedade ou danos.
A profissional ainda apresenta um exemplo comum:
“Lavar as mãos repetidas vezes quando está cozinhando pode ser apenas uma mania. Porém, se a pessoa lava as mãos repetidas vezes, com um sentimento de livrar-se da aversiva “contaminação” esses comportamentos (pensar que está contaminada mais lavar as mãos) produz uma consequência reforçadora = alívio da contaminação. ”
Outro exemplo, é “se a função do comportamento é esquivar-se da visita da sogra, logo será mantido enquanto for difícil se relacionar com a sogra. Veja que o problema não é apenas parar com a obsessão/compulsão, mas há uma dificuldade em se relacionar com outra pessoa (interação). ”
Ela explica que estes exemplos são bem simples, mas que são ilustram alguns conceitos.
“O TOC nem sempre é aquilo que aparenta ser, pois há sempre uma função que reforça os rituais intermináveis. É preciso experiência em análise funcional para identificar a verdadeira função do TOC.Pode-se concluir que, se não houver a análise da função do comportamento, toda a psicoterapia pode ser superficial e não chegar ao verdadeiro problema que a pessoa está enfrentando! Esse é um diferencial importantíssimo para se obter êxito no tratamento psicoterapêutico do TOC,” finalizou Katherine.