Bom dia, boa tarde, boa madrugada para você meu leitor e leitora querida, ou como dizem aqui:
“Mucho gusto”
A última matéria bateu todos os recordes de compartilhamento e nós devemos isso a vocês nosso muito obrigado pelo prestígio.
Falo com vocês de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, tenho tido a honra de estar em La Casona, um condomínio de luxo, com vista maravilhosa dessa cidade plana, com sol forte e bem ventilada, mas não me confundam com um “playboy”, estou trabalhando metade do período aqui em uma lanchonete, assim posso me aprofundar melhor no idioma e ajuda também a pagar os custos da viajem.
As impressões que tenho é de choque e estranhamento, da parte deles para comigo principalmente, o negro é raro ver o negro, um negro estranho como eu então é como se eles estivessem vendo um homem nu, pintado de vermelho, com uma melancia na cabeça. Todos me olham, as meninas riem e eu vou aperfeiçoando o espanhol e a cultura.
O comércio aqui é predominantemente exercido pelas mulheres, a própria sociedade Boliviana se aproxima do matriarcado (mulheres no comando), as velhas senhoras são muito sabias e ninguém toma nenhuma decisão sem falar com elas.
Lembram que já reclamei do racismo no Brasil, o meu próprio, mudei muito, mas agora posso entender porque as pessoas dizem que não existe racismo no Brasil, é porque em alguns lugares, como aqui eles são gritantes, essa cidade é profundamente dividida em três grandes grupos étnicos, o ‘colha’, o ‘camba’ e o ‘cruzsenho’, da pena de ver.
São grandes bailarinos, mas tem um comportamento sexual diferente de nós, não é porque uma “tica” (moça) linda lhe procurou várias vezes para dançar que ela está sexualmente interessada, isso é muito sem graça para nós, os brasileiros.
Como um país sofrido, a Bolívia, vem sentindo a crise de maneira mais intensa, comida aqui, só mesmo a tradicional, que é um pouco forte para o meu paladar, mas tenho que me acostumar, apesar da alergia que me deu, a comida que comemos ai no Brasil é caríssima aqui, uma bolacha integral de 500 gramas custa R$ 12 e um suco de caixinha de 1 litro custa R$ 8.
Andar de táxi aqui é baratíssimo, por isso tenho conseguido conhecer toda a cidade. Comida cara, gasolina barata, é bem isso.
Algumas coisas aqui me impressionaram demais nesse povo, apesar de racistas, eles tem um padrão ético impressionante, aqui ninguém tem medo que lhe roubem um celular e as mais de 100 pessoas que perguntei disseram que não tem medo que isso lhe aconteça aqui. Me chocou ainda mais ao ver que meu patrão aqui quando ia as compras, na ABASTO (centro de distribuição), não conferia a pesagem dos alimentos. Pensei que iria impressioná-lo aqui sugerindo que conferisse o peso da mercadoria, pois provavelmente o prejuízo era grande.
Ele me disse que não perdesse tempo, porque eles não eram assim, mas por minha conta passei a pesar as mercadorias em balança própria para provar que ele estava errado, e para a minha surpresa normalmente os produtos vinham com um pouco a mais de peso sem exceção.
No direito isso é chamado Boa Fé Subjetiva.
O legislador (pessoal que fazem as leis) tenta colocar por lei algo que só a boa educação familiar pode inserir no coração, e provavelmente das crianças, porque talvez os adultos no Brasil já seja invariavelmente corruptos.
Há várias passagens nas leis falando sobre a Boa Fé Subjetiva, mas trago uma abrangente porque se prestarmos atenção no capitalismo tudo é contrato, inclusive, e talvez principalmente casamento e relacionamentos.
Art. 422 do Código Civil – Lei 10406/02
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”
Não estou convidando ninguém a ser santo, estou convidando para melhorar, não para ir para o céu, mas para fechar mais contratos, não importa se esse contrato é namorar uma modelo, ou trabalhar em uma grande empresa, se as pessoas souberem que temos Boa Fé, que a nossa palavra vale, teremos mais oportunidades.
Não adianta colocarmos uma cueca amarela no réveillon e continuarmos mentindo o peso das nossas mercadorias.
Prometo aos senhores e senhoras nunca mais verão minha pick-up (caminhonete) estacionada em vaga de idoso ou deficiente, não porque sou ou serei santo, apenas para faturar mais.
Deixo aos amigos uma parábola do mestre dos mestres sobre o assunto a reforma e prosperidade começa por dentro:
Lucas 17:20-21
“Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós”