Se você tem um cachorro, tomou todas as vacinas recomendadas desde o nascimento do animal, mas mesmo assim, o cão passou a apresentar sinais de leishmaniose. Tenha calma! De acordo com a médica veterinária, Rosangela Queiroz, há tratamento para o animal diagnosticado com a doença.
A 1ª coisa a fazer assim que o animal apresentar os sintomas mais comuns como perda de peso, unhas grandes, lesões na pele, feridas na ponta das orelhas, abdômen distendido, é procura o médico veterinário. Apenas o profissional poderá fazer um diagnóstico preciso.
“O que acontece existe doenças que podem ser confundidas com a leishmaniose. Em Rondonópolis, o que acontecia muito eram pessoas que não são profissionais olhava o animal e já diagnosticava com a doença. Nós que somos veterinários não podemos dizer ao dono que o cachorro está com doença, temos que alertá-lo que o animal tem os sintomas e fazer o exame para confirmar o diagnóstico”, disse a veterinária.
De acordo com Rosângela, os exames para diagnóstico da doença são PCR (cerca de R$ 280), IgG (R$ 100) e testes rápidos. O mais indicado e especifico, segundo a profissional é o PCR.
“O que acontece, os outros exames pode apresentar um resultado falso positivo ou falso negativo. Por exemplo, o animal não apresenta nenhum sintoma e o exame da positivo, vou falar pode ser falso positivo e recomendar ao dono refazer o exame em seis meses, ou então ele apresenta a sintomatologia, mas o exame da falso negativo, vou dizer ao dono que o animal ainda pode ter a doença, a gente vai fazer o tratamento e ver se o cão vai melhorar, depois fazemos o exame para constatar,” disse Rosângela.
Segundo a profissional, existem três tipos de leishmaniose: a visceral (a forma mais grave), a cutânea e a monocutânea. Ao ser diagnosticado com a doença, a profissional defende que o animal pode ter tratamento e não optar pela eutanásia.
“Você consegue tem um animal com a doença sem precisar optar pela eutanásia, se tiver um veterinário e fizer um controle. Se esse controle tiver sendo acompanhado pelo profissional e você seguir a norma desse controle, você consegue dar uma sobrevida para esse cachorro de até seis anos a oito anos,” disse a veterinária.
A leishmaniose é uma doença provocada por um protozoário (Leishmania spp), o qual é transmitido através da picada de um mosquito palha.
“A nossa briga de veterinários que não concorda com a eutanásia é porque a OMS (Organização Mundial de Saúde) desde 1997 divulgou que o método de ‘eutanasiar’ o cachorro com leishmoniose é falho porque temos bater em cima do vetor, o vetor é o mosquito, não é o cachorro o vilão,” explicou a profissional.
Para prevenir a doença no cachorro, a veterinária recomenda a vacina e o uso de coleira (repelente). Atualmente, existe três coleiras disponíveis, o custo dela varia de R$ 70 a R$ 95.
O animal contaminado, a profissional conta que é possível fazer o tratamento e recomenda também o uso da coleira. “Eu optei pelo tratamento do medicamento manipulado que é mais barato. O que é proibido hoje, você usar medicações que são usadas no tratamento da doença em humanos, hoje existe tem um medicamento importado da França que o tratamento dura apenas 28 dias,” disse a veterinária.
O nome do remédio importado é Milteforam e o custo dele é de R$ 800 a 1 mil reais.
Centro de Zoonoses
O médico veterinário, Kleysller William Silva, explica que cerca dos 65% dos animais que chegam no Centro de Zoonoses, tem sintomas da doença.
“Muitos chegam querendo deixar o animal, outros não levam o cachorro para fazer o exame e chegam com ele para realizar a eutanásia. No Centro de Zooneses, realizamos o teste rápido e depois encaminhamos a sorologia para Cuiabá. Com o resultado positivo, o dono pode optar se quer ou não a eutanásia que é realizada gratuitamente. A recomendação do Ministério de Saúde é a eutanásia” disse o veterinário.
ONGs
Na Associação Rondonopolitana de Proteção Animal (ARPAA) existem atualmente cerca de 50 cães e 150 gatos. Um dos responsáveis pela unidade, Marcos Brumatti, conta que existe seis cães com a leishmaniose no local que são acompanhados por profissionais. Alguns dos animais chegaram a ter uma sobrevida de três anos com o tratamento. “Neste tempo que temos associação nós que estamos diretamente lidando com esse animais nunca tivemos nenhum quadro de leishmaniose,” disse Brumatti.
Apesar disto, ele explica que o mosquito não precisa necessariamente picar o cachorro, o inseto pode picar diretamente a pessoa. “O cachorro acaba sendo uma barreira, ele está exposto e mais suscetível a receber a picada, assim o mosquito acaba picando o animal do que o homem,” explica Marcos.
Os cães na associação são acompanhados por profissionais e são medicados, além de usar a coleira com o repelente. O representante aconselha “cuidem dos animais ao invés de abandoná-los” finalizou Marcos.