Já faz mais de 40 dias que parte das famílias que foram despejadas da comunidade Padre Miguel, na rodovia MT-130, Anel Viário, em Rondonópolis –MT, encontram-se em estado de abandono na quadra do centro comunitário Nossa Senhora do Amparo. As famílias que não tem para onde ir receberam uma notificação extrajudicial da Secretaria de Habitação para saírem do local ainda nesta sexta-feira (26).
São 11 famílias que totalizam aproximadamente 100 pessoas que vivem em barracos improvisados dentro da quadra. De acordo com informações da professora que acompanha o caso, Carmem Mariano, os alimentos e objetos que as famílias possuem são de doações feitas pela comunidade.
“Após o despejo, as famílias foram encaminhadas para o Centro Comunitário do bairro, e permaneceram no local por um período, depois as famílias tiveram que se alojar na quadra onde encontram-se sem amparo. As políticas públicas não tem atuado em relação a essas famílias que vivem sem alimentos, sem banheiros e em total estado de abandono” desabafa a professora.
Conforme o membro do Movimento Negro, Felipe Barbosa, no começo a prefeitura forneceu, seis cestas básicas, dois banheiros químicos e algumas cartelas de ovos, mas depois retiraram os banheiros e não doaram mais alimentos. “Só queremos um plano de ação para contemplar essas pessoas temporariamente, com tendas, banheiros, alimentos, com o mínimo de higiene que elas necessitam. Muitas pessoas nem tem como trabalhar pois não tem onde deixar as crianças. E muitas crianças não estão estudando porque os pais não tem condições e nem psicológico para correr atrás disso” explica Felipe.
O ‘Coletivo Preta por Preta’ da UFMT, também acompanha o caso, e conforme a integrante Amanda de Oliveira, parte dos alimentos que a Assistência Social doou para as famílias estavam estragados. “Muitos dos alimentos foram jogados fora pois vieram estragados. Estamos acompanhando o caso desde o início e até agora só vimos as famílias sendo tratadas de forma truculenta e desamparos” pontua a estudante.
SITUAÇÃO REGISTRADA
Durante a entrevista, um dos desabrigados que estava alojado na quadra, com medo do despejo se retirou do local e armou um barraco improvisado do lado de fora. Ele passou mal com medo de repressão e foi socorrido pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (SAMU).
RESPOSTA PREFEITURA
Em resposta a assessoria da prefeitura informou que a situação vai ser resolvida de forma pacífica, sem a ação da polícia, e se caso as famílias não saírem do local na próxima semana possivelmente deve acontecer uma reunião para a elaboração de uma ordem de despejo.