Ruas de acesso à Marginal do Pinheiros foram fechadas com portões por moradores do Butantã, na zona oeste da capital, para evitar a circulação de motoristas desconhecidos à noite. Apesar de o uso de bloqueios ser proibido, eles alegam problemas de segurança e transtornos como furtos, brigas e barulho provocados pela prostituição na área. Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirma não ter conhecimento da instalação dos portões e que vai agendar uma vistoria no local.
Segundo moradores e comerciantes, os bloqueios chegaram a ser removidos no fim de 2015, mas foram reinstalados há cerca de um mês nas ruas Murtinho Nobre, Romão Gomes e Blandina Ratto. No começo deste mês, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei que volta a permitir portões e cancelas em ruas com características de sem saída. A proposta ainda não foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que deve vetar ao menos parte da lei.
As vias com portões, no entanto, ligam a rua Agostinho Cantu à pista local da Marginal. Fechadas, elas formam uma espécie de “condomínio”, localizado a cerca de 2 km do Jockey Club de São Paulo, por onde os veículos só conseguem trafegar normalmente durante o dia. Das 22h às 4h, os bloqueios são fechados e os motoristas que vêm pela Marginal, no sentido Interlagos, não conseguem acessar as vias.
“Mesmo sendo proibido pela Prefeitura, os moradores acabaram tomando essa atitude e mantendo os portões fechados”, afirma o presidente do Conseg (Conselho de Segurança) do Butantã, Fábio de Toledo. “O grande problema que existe naquela região é a prostituição e o tráfico de drogas gerado por essa atividade”, diz.
De acordo com Toledo, os portões são usados apenas à noite porque o número de travestis aumenta no período. Ele explica que os bloqueios foram colocados há mais de um ano, mas haviam sido retirados após proibição. “Há essa determinação, mas os moradores relatam que não conseguem dormir. Eles têm problema de carro parado na rua e barulho durante a noite toda. Então, acabaram tomando a atitude por conta própria.”
“Era bem inseguro antes. Os portões servem para não ficar circulando carro de desconhecido”, diz a estudante Camila Lopes, de 21 anos, que trabalha na região. Outro jovem, que morou na Rua Blandina Ratto por cinco anos e estava na área anteontem, diz que a via era usada à noite por carros e motos com ocupantes atrás de programas com travestis. “Querendo ou não, você está chegando com sua família e incomoda. Não é uma cena que alguém quer na porta de casa.”