Ser mãe é um desejo natural da maioria das mulheres e para Laura da Vicuña não era diferente. Ela engravidou do 1º filho aos 29 anos, mas logo teve a gestação interrompida por um aborto espontâneo. Aos 34 anos, ela viu o seu sonho ser realizado com a chegada do pequeno Gabriel. Mas reação da mamãe acabou sendo de pânico logo após o nascimento do filho quando veio a notícia que Gabriel havia sido diagnosticado com síndrome de Down.
“Eu fiquei em pânico, fiquei em choque, eu nunca tinha tido contato direto com pessoas com síndrome de Down. Na realidade, não sabia ao certo o que enfrentaria. Hoje sou a pessoa mais feliz do mundo, fui abençoada por ser mãe do Gabriel. Ele é perfeito para mim, é uma criança normal como as outras,” revela Laura.
O caminho a ser percorrido por Gabriel, 2 anos e dois meses, não assusta a mãe que sonha em poder proporcionar ao filho o acompanhamento de vários profissionais. “Ele é acompanhado atualmente por uma fisioterapeuta na APAE que ajuda na estimulação. Meu desejo que a fisioterapia fosse mais de uma vez na semana, que ele pudesse ser acompanhado por uma fonoaudióloga, que houvesse natação para crianças com a idade do Gabriel,” posicionou a mãe.
Aos pais que estão desesperados ao saber que o filho tem essa condição genética, Laura aconselha: “Nós ganhamos na loteria, se Deus nos concedeu sermos pais destas crianças é porque somos especiais e isso não vai mudar,” emocionou a mãe.
Jakelyne Oliveira tem uma opinião semelhante com a da mãe Laura. A Miss Brasil 2013 diz ter sido abençoada com a irmã Geovanna. “Deus é perfeito em tudo que faz, e por isso ele deu a minha família esse anjinho, ela me ensinou a valorizar as coisas simples da vida, a amar o próximo independente de suas limitações,” disse a Jakelyne.
Geovanna gerou em Jakelyne o desejo de compartilhar o cotidiano da irmã em um blog. “Observando a minha irmã, desde bem pequenininha, sempre pensei que todos poderiam ter a oportunidade de observar um dia a dia como o dela, suas dificuldades, superações e principalmente mostrar a todos que ser diferente é normal. Esse desejo foi se tornando um projeto e através do meu blog vou poder transforma-lo em realidade” contou a rondonopolitana.
Uma das instituições que acompanham pessoas com síndrome de Down é a Associação dos Pais e de Amigos Excepcionais. Em Rondonópolis, a instituição conta atualmente com 37 pessoas com a síndrome de Down, desde bebês a adultos. Entre eles estão Clovisson, 24 anos e Gleiciele, 21 anos, os dois frequentam a APAE há alguns anos.
Clovisson é um dos mais comunicativos na APAE e conta que gosta de brincar com os colegas, além de desenhar. Fora da sala de aula, a música é o hobby preferido dele. “Eu gosto de ouvir música sertaneja” e a dupla que ele mais ouve é Chitãozinho e Xororó. Já para Gleiciele, a pintura e a leitura é o que fascinam a jovem que é bastante organizada. No tempo livre, gosta de jogar videogame com o irmão e conversar com as coleguinhas da APAE.
Gleiciele sonha em ser professora, já Clovisson ainda não decidiu. Apesar da idade, nenhum dos dois ainda trabalha. A psicopedagoga Ana Maria Leite explica o porquê desta realidade.
“Como qualquer deficiência entrar no mercado de trabalho depende das condições da capacidade intelectual do ser humano. Eu acredito que as coisas estão encaminhando atualmente, principalmente na inclusão social, vejo as escolas estão se preparando, profissionais capacitados para poder atendê-los,” destacou a psicopedagoga.
Lucas Oliveira Cotero, 28 anos, é um exemplo de produtividade, o rapaz adora uma academia e aproveita os momentos livres para caminhar com o pai. Mas na maior parte, ele trabalha como frentista em um posto de combustível na Vila Aurora. Lucas conta que chega cedo ao trabalho e gosta de tomar café na conveniência. “Eu chego cedo, tomo meu café, dai vou trabalhar, mais tarde vou para academia,” conta Cotero
O gerente do estabelecimento, Ricardo conta que Lucas é bastante ativo e que realiza todas as funções atribuídas a ele de forma eficaz. “Ele faz tudo aqui que outro frentista faz, abastece, passa cartão, limpa para-brisa, ele é muito ativo, raramente vemos ele parado. Bastante companheiro, é nosso xodó,” conta Ricardo.
No Brasil, a estimativa que existam cerca de 270 mil pessoas com a síndrome de Down. Mas afinal o que é a síndrome de Down? As pessoas com síndrome de Down tem um cromossomo a mais. “A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. As pessoas com síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população,” (Fonte: Movimento Down)