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Novas relações entre depressão e amamentação são apontadas em estudo

Da Redação com MdeMulher
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Foto: Reprodução
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A ligação entre o aleitamento materno e a depressão pode se dar de várias formas tanto na mãe quanto na criança. Diversos estudos já investigaram o elo entre a tristeza profunda e a amamentação, mas dois trabalhos recentes chamam a atenção. O primeiro deles, publicado em maio de 2016 no periódico Journal of Affective Disorders, foi conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul. Eles identificaram que o ato de amamentar é capaz de prevenir que o bebê se torne um adulto depressivo.

Para chegar a essa conclusão, os experts acompanharam, durante 30 anos, 3 657 pessoas que nasceram em Pelotas no ano de 1982. Logo após chegarem ao mundo, os participantes foram examinados e suas mães, entrevistadas. Nos primeiros anos de vida, os estudiosos coletaram informações sobre a experiência de amamentação dos voluntários. E três décadas depois, os cientistas realizaram avaliações para detectar desordens mentais nos indivíduos. Os resultados demonstraram, entre outras coisas, que a probabilidade de depressão severa na idade adulta é menor em crianças que mamam no peito da mãe por seis meses ou mais.
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Segundo Christian Loret de Mola, professor da UFPel e um dos autores da pesquisa, não se sabe ao certo quais mecanismos estariam por trás desse benefício. “Temos uma teoria de que a criança que é amamentada tem um QI [quoeficiente de inteligência] maior, o que pode ter algum efeito no desenvolvimento de doenças mentais, como a depressão”, diz Mola. Mas, de acordo com o docente, suspeita-se também que propriedades do leite materno poderiam influenciar, de alguma forma, na prevenção do estado depressivo, assim como a estimulação e o vínculo com a mãe.

Vale destacar que esse é um dos primeiros trabalhos a investigar os efeitos a longo prazo do aleitamento materno na saúde mental dos pequenos. “Existem poucas evidências que avaliam o efeito da amamentação na saúde mental da criança na vida adulta. Alguns estudos fizeram essa investigação na infância ou na adolescência, mas ainda assim são mais de comportamento”, comenta Christian de Mola. Com outras pesquisas como essa, certamente a ciência irá desvendar, num futuro não muito distante, outras pistas sobre esse curioso elo.

Foto: Taws13/Thinkstock/Getty images
Foto: Taws13/Thinkstock/Getty images

Depressão na mãe
Em um estudo publicado no último dia 19 de julho na revista científica australiana Women and Birth, experts do Murdoch Childrens Research Institute, na Austrália, constataram que mulheres com depressão pós-parto têm menos tendência de amamentar seus bebês até o 6 meses de vida.

Os pesquisadores identificaram que 95% das 1507 participantes deram de mamar aos seus filhos recém-nascidos logo após o parto. Mas, três meses depois, esse índice baixou para 76% e, seis meses mais tarde, para 61%. As voluntárias que enfrentaram o estado de tristeza profunda após ganharem seus pequenos eram as que mais representavam essa porcentagem.

Segundo Hannah Woolhouse, líder da investigação, não dá para afirmar se a depressão é causada pelas dificuldade envolvidas na amamentação ou se o aleitamento é prejudicado por causa da desordem mental. “As decisões da mulher sobre a alimentação da criança são influenciadas por diversos fatores psicossociais, e os sintomas depressivos no puerpério parecem ter uma participação importante nesse cenário, seja como causa, seja como consequência da decisão de interromper a oferta de leite materno”, analisa Woolhouse.

Embora mais estudos sejam necessários, a pesquisadora propõe que os médicos que atendem mulheres no período pós-parto fiquem atentos. “A identificação e o tratamento precoces dos sintomas depressivos podem ajudar a melhorar e aumentar as taxas de amamentação. Da mesma forma que o apoio a mulheres que estejam com dificuldade em dar de mamar pode se refletir na redução da depressão pós-parto”, sugere Hannah Woolhouse.

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