Médicos do Hospital Regional de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, paralisaram as atividades nesta segunda-feira (20) para cobrar o recebimento de três salários atrasados, referentes aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Cerca de 20 cirurgias que estavam marcadas para esta segunda foram suspensas, segundo o médico oncologista Eduardo Marques.
“Só atendo pelo SUS, não tenho outro emprego, e então essa é minha única fonte de renda. Só estamos pedindo o que é justo”, reclama o especialista. Ao todo, a unidade tem quase 90 médicos.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que as pendências financeiras com os hospitais regionais estão sendo resolvidas gradativamente e que ainda não foi notificada sobre a paralisação dos médicos em Cáceres. Afirmou que até o final deste dia dará um novo posicionamento acerca dessa situação.
De acordo com o médico oncologista, só estão sendo atendidos os casos de urgência e emergência, os pós-operatórios e os pacientes que fazem quimioterapia.
Na unidade, são realizadas cirurgias geral, oncológica, pediátrica, ortopédica, urológica, além de neurocirurgia. Todos os médicos que fazem esses tipos de procedimentos pararam. “A maioria dos médicos trabalha em escala de plantão e estão operando só emergências”, afirmou Marques.
O hospital está superlotado. “Há muito tempo temos pacientes em macas nos corredores. O aumento no número de pacientes é constante, principalmente depois que a unidade de saúde de Pontes e Lacerda teve problemas, e é lamentável termos que parar por causa de salários, mas também temos contas para pagar e queremos receber pelo que trabalhamos”, declarou o profissional.
O médico explicou que no último dia 10, conforme anúncio feito posteriormente, deveria ter sido pago o salário de dezembro, o que também não foi cumprido. “Temos um documento do secretário de saúde, de dezembro do ano passado, com as datas de pagamento de janeiro, fevereiro, março e abril, mas nada foi cumprido.
A unidade faz em torno de 200 quimioterapias por mês, mas, de acordo com médico, o estado só paga 120. O restante é custeado pela Associação e Congregração de Santa Catarina. “Como vamos criticar a OS, sendo que a demonstração que temos aqui é de que eles assumem o que não é nem de responsabilidade deles?”, avaliou.