O ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL). José Riva (sem partido), falou pela 1ª vez durante uma audiêcia, após ter sido condenado há 21 anos e oito meses de prisão, nesta sexta-feira (31). Em seu depoimento, Riva, ‘entregou’ 33 políticos de Mato Grosso, entre eles o ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz (PPS) e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP).
Riva é acusado de liderar um esquema que teria desviado R$ 62 milhões dos cofres do Legislativo através da compra fictícia de materiais de expediente. O ex-presidente declarou que esse esquema ocorria antes mesmo da gestão do governador Dante de Oliveira e foi até último dia da gestão de Silval.
Nesta época de Dante, 1985 e 2002, os deputados recebiam propinas, como se fosse uma mesada que inicialmente tinha o valor de R$ 15 mil por mês, mas que chegou a R$ 25 mil. De acordo com Riva quando Maggi assumiu em 2003, os parlamentares ficaram preocupados se iriam continuar recebendo a ‘mesadinha’.
“O Blairo assumiu o Governo e disse que não ia passar nada para os deputados. Cortou os valores, mas depois ele disse que iria fazer o Orçamento para atender”, alegou Riva. Segundo o ex-presidente apenas de 2005 a 2008, o governo de Blairo teria repassado um total de R$ 37,5 milhões a boa parte dos deputados à época.
“Nesse período [2003 a 2004] foram movimentados R$ 1,1 milhão. Em 2005 aumentou para R$ 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 6 milhões. Em 2007, quando era presidente o Sérgio Ricardo [atual conselheiro afastado do TCE], R$ 12 milhões. Em 2008, R$ 15 milhões”, disse Riva, que foi ex-presidente da Assembleia por vários mandatos.
Riva apontou que além dele, também foram beneficiados com as “mesadas”: Silval Barbosa, Sérgio Ricardo, Mauro Savi, Dilceu Dalbosco, Campos Neto, Airton Português, Alencar Soares, Carlão Nascimento, Pedro Satélite, Renê Barbour, Zeca D’Ávila, José Carlos de Freitas, Eliene Lima, Carlos Brito, Sebastião Rezende, Zé Domingos, Wallace Guimarães, Percival Muniz, Nataniel de Jesus, Humberto Bosaipo, João Malheiros, Gilmar Fabris, José Domingos, Wagner Ramos, Adalto de Freitas, Nilson Santos, Juarez Costa, Walter Rabello, Chica Nunes, Guilherme Maluf, Ademir Bruneto, Chico Galindo e Antônio Brito.
Ele explicou que as propinas vinham das operações com as empresas e eram mensais, mas que os valores variavam. Riva disse que quando havia algum problema emprestava dinheiro de agiotas para efetuar os pagamentos. Ele ainda disse que não se lembra se papelaria Grafitte fazia parte do esquema, assim como de outras empresas.
Alguns deputados escaparam ilesos do depoimento de Riva. Ele isentou os deputados da legislatura de 2003 a 2007 que não faziam parte do esquema: Ságuas Moraes, Zé do Pátio, Chico Daltro e Verinha Araújo. Na gestão de 2007 a 2010, Riva salientou que somente Otaviano Pivetta não foi beneficiado.
Para finalizar o seu depoimento Riva afirmou que se arrepende por tudo que fez e que Pivetta chegou a lhe avisar que quando desse algum problema todos iriam abandoná-lo. O ex-presidente da AL alegou que deseja prestar contas a sociedade do que não roubou e que o seu benefício com o esquema foi de R$ 500 mil.
VAGA NO TCE
José Riva também explicou que R$ 2,5 milhões do esquema descoberto na “Operação Imperador” foram usados para a compra da vaga do ex-deputado, Sérgio Ricardo, como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Em 2009, Riva disse que praticamente se trabalhou na Assembleia para pagar a vaga de Sérgio Ricardo no TCE em substituição a Alencar Soares. Ele também contou sobre uma conta de um canal de televisão. “Quem efetuava os pagamentos eram eu, Silval, Sérgio Ricardo, Mauro Savi, Edemar Adams, Luiz Márcio Pommot ou o Edemar”, declarou.
NOTA
O deputado estadual Sebastião Rezende enviou uma nota a imprensa sobre o assunto, confira na íntegra: