Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, um dos donos da JBS, Wesley Batista, afirma que pagou uma dívida de campanha de 2010 no valor de R$ 7,5 milhões do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), que está preso desde setembro de 2015 no Centro de Custódia de Cuiabá. Wesley e o irmão, Joesley Batista, também dono da JBS, firmaram acordo de delação premiada durante as investigações da Operação Lava Jato.
A defesa de Silval Barbosa disse que ainda não teve acesso aos depoimentos e que deverá se posicionar depois que isso ocorrer.
“Um dia governador me ligou apavorado que precisava falar comigo urgente (…). Ele estava apavorado porque devia dinheiro a um cara e esse cara tinha tomado dinheiro no banco para emprestar a ele e a dívida do cara tinha vencido no banco e o governador não tinha pago. E o cara tava ameaçando”, contou Wesley à PGR.
Depois, o empresário contou que pagou a dívida porque tinha “um acerto” com Silval Barbosa e que também já tinha feito negócio com a pessoa que estava cobrando o então governador.
“Coincidentemente a gente tinha comprado umas transportadoras e uns ativos frigoríficos dessa pessoa que emprestou dinheiro a ele. A dívida era de R$ 7 milhões, R$ 7,5 milhões. Dele me pedir encarecidamente para pagar esse cara e descontar do acerto que nós tínhamos eu concordei em pagar e fizemos o pagamento e adicionamos isso no preço da transportadora”, relatou Wesley.
O empresário contou ainda à PGR que a JBS pagou R$ 30 milhões de propina a Silval Barbosa, em troca da concessão de créditos de ICMS no valor de R$ 70 milhões para a empresa. Wesley disse que foram pagos R$ 10 milhões por ano em 2012, 2013 e 2014.
Silval Barbosa está preso desde setembro de 2015 no Centro de Custódia de Cuiabá acusado de ter recebido propina para conceder benefícios fiscais a empresas por meio do programa Prodeic. O caso foi investigado pela Delegacia Fazendária, durante a operação Sodoma.