Quem morou em Rondonópolis, nos anos 60, 70,80 e 90 e gosta de futebol, deve ao menos uma vez, ter frequentado o antigo estádio Luthero Lopes.
O local era o principal palco esportivo da cidade, inaugurado em novembro de 1959, acanhado para alguns e aconchegante para outros o Lutherinho, sobreviveu até o ano de 1998, quando foi demolido para dar espaço à rede de Supermercados Atacadão, inaugurada em 1999.
O antigo estádio, no entanto, virou cult nas redes sociais, postagem e fotos do velho Luthero rendem curtidas e comentários de toda a ordem, desde quem frequentava a praça esportiva até de pessoas que nunca pisaram lá, ou melhor, pisaram já em forma de supermercado.
Para reviver os bons tempos do Lutherinho, o AgoraMT resolveu destacar dez fatos que somente eram vistos no antigo estádio de Rondonópolis.
Fato 1- Madeirona– Nos anos 80, o estádio Luthero Lopes ganhou um lance de arquibancadas de madeira, que passou a ser conhecida pela torcida como “Madeirona”. No local, que apesar de desconfortável, dava uma ampla visão do campo, sentavam os torcedores mais fanáticos e polêmicos. Era comum vir da “Madeirona” a maioria das vaias, quando algum jogador errava, aplausos nas belas jogadas e gols e xingamentos às genitoras dos juízes. O lance de madeira após a demolição do Luthero foi lavado para o estádio Pinheirão na Vila Operária.
Fato 2- Murinos– O público anunciado e o público presente no estádio Luthero Lopes, naqueles tempos nunca batiam. Muito pelo contrário, era comum anunciar um público bem inferior aos presentes. O motivo era simples, havia uma parcela considerável de torcedores, que sem dinheiro para pagar ingresso, pulavam o muro para adentrar no estádio. Hoje, médicos, empresários de sucesso e até políticos reconhecem que já pularam o muro para ver o União em ação.
Fato 3- Bambuzal– Como o estádio tinha um pequeno e restrito espaço com cobertura, os torcedores que não iam para madeirona eram protegidos do sol escaldante de Rondonópolis, em uma ala do Luthero onde havia um bambuzal e que a cobertura natural era utilizada para garantir um pouco mais de conforto ao torcedor.
Fato 4- Cimentona– Ao contrário da “Madeirona” havia a cimentona, que ficava ao lado aposto das arquibancadas de madeira e era geralmente frequentada por torcedores mais idosos e menos exaltados, que não estavam com vontade de curtir o agito da Madeirona.
Fato 5- Torcida da Kombi- A Sociedade Esportiva Vila Aurora, no final da década de 80 e no começo da década 90, estava se profissionalizando e tinha um número reduzido de torcedores, a maioria deles ex-jogadores da fase amadora do Tigre da Vila e amigos do Lelo Brega e do Miltão, que eram diretores da equipe. O volume pequeno de torcedores que ocupavam o espaço era conhecido com Torcida da Kombi, por muitos diziam que os torcedores do Tigre, naquela época cabiam em uma Kombi.
Fato 5- Sabinão da Massa– Naquele tempo, a Torcida Jovem, Furacão Azul e TUF, não existiam. Os times de Rondonópolis não tinham torcida organizada e quem comandava os fanáticos era o hoje servidor do Detran, Sabinão. Com a sua voz potente, Sabinão gritava do alto da “Madeirona” de onde era acompanhado pelos demais torcedores.
Fato 6– Zé Bundinha– O Luthero Lopes tinha o seu maqueiro fixo, no caso o Zé Bundinha, que a cada jogo do União, quando entrava em campo para socorrer um jogador, tanto adversário como do time da casa, fazia a festa da galera da Madeirona, que sempre apoiava o pique que ele dava em campo.
Fato 7- Chico Fogueteiro– Durante décadas, o estádio Luthero Lopes foi administrado por Francisco das Chagas, o Chico Fogueteiro, figura polêmica, que além de administrador do estádio era cabo eleitoral fervoroso, na época de Carlos Bezerra. Vez ou outra, Fogueteiro se revoltava com o torcedor que reclamava do então prefeito Bezerra.
Fato 8 – Gastronomia– Se o Mineirão em Belo Horizonte tem como prato principal para os torcedores o “tropeirão mineiro”; o Luthero Lopes tinha como atração gastronômica, a tradicional laranja descascada na máquina manual, que tinha duas utilidades uma alimentar o torcedor e outra jogar o bagaço no juiz ou em algum jogador que cometesse alguma falha grotesca.
Fato 9 – Pista de Atletismo– Ao contrário do novo Luthero Lopes, o antigo estádio, mesmo que de forma improvisada tinha uma pista de atletismo, em volta do campo, onde muitos atletas disputavam corridas no intervalo do jogo, ou até mesmo, fazia do espaço como local de treinamentos durante a semana. Nesta pista corria feras do atletismo local como o Policia Militar, Manuel Nunes.
Fato 10- Sem título– O período de existência do Luthero Lopes antigo, apesar da montagem de grandes times e de o estádio ser um sucesso de público, os times de Rondonópolis não conquistaram títulos estaduais, foram mais de 40 anos à espera de um título no mato-grossense que somente veio em 2005 com o Vila Aurora, já no novo estádio.
