Uma determinação da Justiça de Mato Grosso bloqueou mais de R$ 27 milhões das 17 pessoas e empresas acusadas de participação em um esquema de desvio de dinheiro público do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/MT). O Ministério Público (MP) fez o pedido do bloqueio após investigação da Operação Bereré.
O presidente da Assembleia Legislativa (AL), Eduardo Botelho (PSB), o deputado Mauro Savi (PSB) e o ex-parlamentar Pedro Henry estão entre os investigados. Conforme o MP, as investigações apontam para o pagamento de propina a diversas pessoas com base no valor arrecadado pela empresa FDL Serviços de Registro, Cadastro, Informatização e Certificação Ltda, responsável pelo registro de contratos de financiamentos de veículos junto ao Detran. Parte do lucro da empresa era repassado aos investigados por meio de uma suposta empresa de fachada, cujos sócios eram beneficiários do esquema ou “laranjas”.
De acordo com o MP, o valor foi calculado com base nas provas já obtidas, como a quebra de sigilo bancário de diversos investigados. O MP chegou à conclusão de que, entre 2009 e 2014, o contrato rendeu aos investigados R$ 27.722.877,38.
“Fica, de fato, evidente na tabela apresentada as intensas e incomuns movimentações bancárias. O dinheiro público de origem no Detran/MT é recebido por investigados diversos, ora diretamente, ora por empresas interpostas, por pessoas da família, ou por empresas de pessoas da família, ou ainda, por empregados da família”.
Também foram alvos do bloqueio a própria FDL, a empresa Santos Treinamento. Para os promotores a empresa era usada para o repasse da propina, a União Transportes, que pertence a familiares de Botelho, e integrantes dos núcleos de liderança e de operação do esquema.
A investigação continua, já que o material está sob análise da Polícia Civil e do MP, que devem intimar outras testemunhas para que prestem depoimento.