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Maduro se reelege a presidência da Venezuela marcada por denúncias de fraude

Da redação com G1
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Nicolás Maduro, logo após o anúncio de vitória nas eleições deste domingo (20) -Foto: Juan Carlos Hernandez/ AP Photo
Nicolás Maduro, logo após o anúncio de vitória nas eleições deste domingo (20) -Foto: Juan Carlos Hernandez/ AP Photo

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi reeleito para mais 6 anos de mandato após as eleições deste domingo (20), que tiveram horário ampliado, denúncias de fraude, tentativa de boicote da oposição, abstenção de 54% e falta de reconhecimento por grande parte da comunidade internacional.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, Nicolás Maduro venceu com 67,7% dos votos válidos, aos 92,6% das urnas apuradas. O chavista obteve 5.823.728 votos. A presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, anunciou que a votação teve a participação de 46% do eleitorado e um total de 8,6 milhões de votos.

Em seu discurso da vitória, em frente ao Palácio Miraflores, em Caracas, Maduro disse que obteve um “recorde histórico”: “Nunca antes um candidato presidencial venceu com 68% dos votos populares e nunca antes havia conseguido 47% do segundo candidato”, afirmou.

Em segundo lugar, ficou o candidato opositor Henri Falcón, com 1.820.552 de votos (21%). Pouco antes do anúncio dos resultados da eleição, Falcón declarou que não reconheceria o processo eleitoral deste domingo e exigiu a convocação de novas eleições.

O pastor evangélico Javier Bertucci obteve 925.042 votos (11%), e ficou em terceiro lugar. Bertucci também contestou a votação e afirmou que fez um balanço da presença do que chamou de “manchas vermelhas” perto das seções eleitorais “que poderiam ter influenciado os resultados”.

O outro candidato, Reinaldo Quijada, obteve 34.614 votos (0,4%).

Diálogo
Ainda em seu discurso de vitória, Maduro convocou os três candidatos derrotados para um diálogo a fim de atender as diferenças e enfrentar a crise do país.

O líder repudiou a posição do candidato opositor Henri Falcón de não reconhecer o pleito.

Eleições em meio à crise
Desde 2013, quando Maduro assumiu o governo, a Venezuela sofreu ondas de protestos violentos, que deixaram cerca de 200 mortos, e uma derrocada socioeconômica.

O cenário de apagões, falta de comida, remédios, transporte e água e hiperinflação, com um salário mínimo que permite a compra de um quilo de leite em pó, provocou uma emigração em massa nos últimos quatro anos.

Adversários de Maduro o acusam de empurrar o país para o abismo com medidas econômicas disparatadas, de submeter o povo à fome e de ser um “ditador”, sustentado por militares.

No entanto, ele diz ser um “presidente democrático” e “vítima” dos Estados Unidos e a “guerra econômica da direita”, à qual culpa pela hiperinflação e falta de comida. E promete prosperidade. “A economia que existe hoje não nos serve porque foi infectada de neoliberalismo”, disse o governante, que alega não ser um “novato” como em 2013.

Apesar da reprovação de 75% dos venezuelanos a sua gestão, Maduro se beneficia dos eleitores leais ao falecido Hugo Chávez (que foi presidente de 1999 a 2013) e da dependência de setores populares de programas sociais e clientelistas.

Boicote da oposição
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) se recusou a participar do pleito por considerar o processo uma “fraude” para perpetuar Maduro no poder. Mas o ex-chavista Henri Falcón ignorou a determinação e foi o principal rival do presidente nas urnas.

Os dois maiores rivais de oposição já estavam impedidos de concorrer: Leopoldo Lopez está em prisão domiciliar e Henrique Capriles está impedido de se candidatar a qualquer cargo por um período de 15 anos.

Abstenções
Cerca de 20,5 milhões de eleitores estavam registrados para votar, mas o comparecimento foi de 46% do eleitorado e um total de 8,6 milhões de votos.

Foi uma das porcentagens de participação mais baixa da história venezuelana. Na última eleição presidencial, em 2013, o comparecimento às urnas havia chegado a 80%.

No fim do dia, Maduro ainda ordenou ao partido do governo que fornecesse meios de transporte para sua militância para se deslocar às urnas, após relatos sobre baixa participação. O voto não é obrigatório no país.

Votação nos acréscimos
As cerca de 14,5 mil urnas deveriam ser fechadas oficialmente às 18h (19h de Brasília), mas diversos colégios eleitorais continuaram abertos por horas depois do prazo.

Maduro havia indicado mais cedo que os locais de votação continuariam a atender as pessoas que estavam na fila, para “garantir o direito” ao sufrágio, mas colégios sem filas também seguiram abertos aguardando um sinal de Caracas.

Denúncias de fraude
Agências internacionais e membros da oposição apontaram irregularidades nos chamados “pontos vermelhos”, barracas instaladas pelo partido de Maduro, com objetivo de checar quem votou por meio do “carnê da pátria”. O cartão é usado para ter acesso aos programas sociais do governo.

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