Me chamo Clayton Rezende, sou publicitário, apaixonado pela cultura pop e o universo geek.
Sou da geração que brincava de comandos em ação, corria na rua até tarde e parava pouco em frente a uma tela. Vivi a mudança do analógico para o digital, dos jogos de tabuleiro para o videogame e a transição do toque real para o touch virtual.
Me considero um refém da nostalgia. Sinto saudades da minha infância e de tudo que me lembra aquela época.
Percebi que me tornei aquilo que sempre critiquei, porque vez ou outra me pego defendendo o “meu tempo”, onde os filmes eram os melhores, assistir sessão da tarde, inclusive, era melhor do que ir ao cinema.
Brincar na rua era mais divertido do que jogar em um tablet e correr para a banca de revista sempre que ganhava algum trocado me transportava para um mundo habitado por heróis, que ajudaram a moldar meu caráter e a minha personalidade.
Há alguns anos percebi que em algum momento a saudade das experiências da infância, se tornou um mercado. Uma possibilidade comercial que passou a ser explorada de uma forma muito bem sucedida, diga-se de passagem.
Hoje, a nostalgia é fonte de lucro, Hollywood que o diga, nos últimos anos estamos revivendo tantos filmes, séries e franquias clássicas que às vezes nos sentimos de volta aos anos 80 e 90.
Um exemplo fácil de citar é a série Stranger Things da Netflix, que traz uma enxurrada de easter eggs e referências à cultura Pop das últimas décadas e o resultado disso é o sucesso gigantesco que a série alcançou.
Outro exemplo que posso citar é do escritor Stephen King, que ressurgiu no cenário Pop com força no último ano, apoiado justamente em obras antigas como It – a Coisa, A Torre Negra, Jogo Perigoso e O Nevoeiro que ganharam novas adaptações em forma de séries e filmes.
A única coisa que não me agrada, é quando decidem mexer nessas obras, pois nem tudo que funcionava há 20, 30 anos tem o mesmo efeito nos dias de hoje.
Deixa eu te dar um exemplo: as continuações de filmes como Rambo, Rocky e Indiana Jones, por mais que tenham obtido uma bilheteria relevante, nem de longe se compara com o impacto cultural gerado quando foram lançados pela primeira vez.
Me incomoda e chega ser sofrível ver o “senhor” Harrison Ford, com seus 65 anos, saltando, lutando e fazendo acrobacias para tentar reviver, ou pelo menos relembrar o auge de seu personagem. (Me desculpe, mas para mim não funcionou). E pior é que agora, aos 75 anos, temos a notícia de que ainda veremos o coroa em ação mais uma vez, e até onde sei, a última, no filme Indiana Jones 5, com lançamento previsto para 10 de julho de 2020!! (sim daqui há dois anos ainda).
Segundo a pesquisa Geek Power feita pelo Ibope Conecta, os adultos com média de 30 anos vêm se mostrando cada dia mais um público disposto a pagar um preço relativamente alto para ter o prazer de visitar sensações de sua infância.
Compram Dvds, Revistas em Quadrinhos, Action Figures, produtos licenciados para decorar suas casas, quartos, se vestem e até influenciam seus filhos, o que nos leva ao início de um novo ciclo e uma nova geração de geeks.
O prazer da nostalgia para mim funciona quase como uma terapia.
É lembrar de assistir ao filme Lagoa Azul em uma tarde tranquila, ou faltar aula e ficar assistido desenho a manhã inteira, é colecionar figurinhas, caçar trocados para comprar a nova revista da turma da Mônica. É aquele bolo de fubá com suco que sua mãe fazia e toda molecada da vizinhança corria pra “roubar” um pedaço. É lembrar das brincadeiras, das broncas, das aventuras e das tardes de tédio.
Mas acima de tudo, a nostalgia é aceitar que isso é passado, entender que relembrar é bom, mas tentar reviver é inadequado, porque o risco de se decepcionar é enorme.
Então meu conselho é: Seja nostálgico!
Mas deixe esse sentimento apenas dentro de você, que é onde ele deve ficar.
Fico por aqui, mas não posso deixar de perguntar, o que é a nostalgia para você?