O encontro de Sônia Guajajara (PSol) com a militância em Cuiabá aconteceu nesta segunda (11/06) no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá. A participação de militantes na organização do evento e na introdução de temas é uma das características do partido que chegou a liderar as pesquisas para prefeitura de Cuiabá na última eleição.
Sônia e Guilherme Boulos seu parceiro de chapa nessa “co-presidência” , é segundo a Assistente Social e mediadora do encontro, Lélica Lacerda, “a única candidatura que não se coligou com os partidos do golpe sofrido pelo Brasil”. Sonia é indígena Guajajara/Tentehar, povo que habita uma área de mata da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Ela possui duas graduações, em Letras e em Enfermagem e é pós-graduada em Educação Especial.
O PSol apresenta a coligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e com os movimentos sociais. Mesmo não reconhecidos pela Justiça Eleitoral como coligação, as diversas organizações que não se sentem representadas por outros partidos são uma base política importante para a disputa eleitoral deste ano.
O pré-candidato Cacique Rondon, do povo Terena é uma liderança reconhecida no norte do estado. Ele, assim como Matudjo Metuktire, foram indicados pela Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) para serem candidatos a representarem os indígenas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A Fepoimt discutiu a política nacional e concluiu que o PSol é o partido com mais identificação com a causa indígena, por isso recomendou a filiação dos seus candidatos em uma grande assembleia no final de 2017. Na Assembleia estiveram presentes mais 800 indígenas, com 140 delegados representantes de 40 mil índios das 43 etnias do estado.
“Nós sempre estivemos aqui e o Brasil não nos conhece”,
Sônia traz as questões sobre direito à diversidade para a frente do debate. Para ela a intolerância com a diversidade é causa de uma grande quantidade de atos violentos, seja contra homossexuais seja contra indígenas, tema que vivencia na pele. “A classe dominante quer nos invisibilizar, nos ignora a ponto da nossa sociedade brasileira nos desconhecer. Nós sempre estivemos aqui e o Brasil não nos conhece”, destacou a ecossocialista.
O evento foi construído, como os psolistas preferem usar já que a organização é coletiva, com militantes do Partido Comunista Brasileiro, dos movimentos estudantis e indígena. Os estudantes justificaram a greve em que se encontram, com ocupação de parte da UFMT, afirmando que não é somente o aumento questionado do Restaurante Universitário, mas uma série de eventos de perdas de direitos.
Eventos do “Vamos com Sônia e Boulos” no mesmo dia
Pela manhã Sônia Guajajara conversou sobre direitos com indígenas na Universidade Federal de Mato Grosso. O encontro pensado para estudantes teve um público diverso, interessado em ouvir e falar.
Sônia anda deu uma entrevista ao vivo na rádio Serra, onde falou da sua biografia, da sua experiência na Federação dos Povos Indígenas do Maranhão e na Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Lá ela falou da urgência em dar atenção às necessidades indígenas.
O almoço foi na comunidade do bairro Renascer, fundado em 1997, a partir da ocupação de um terreno ocioso. Mesmo após tanto tempo, a comunidade, assim como outras pelo Brasil, ainda luta pela regularização de seus terrenos, pela instalação de equipamentos comunitários básicos e pela não criminalização dos bairros de periferia.
No período da tarde, ainda no Renascer, aconteceu o espaço Mulheres Movendo Estruturas iniciado com uma visita a um terreno que está sendo ocupado por mulheres. Neste terreno deveria ser construída uma creche, e ao invés disso, o mesmo está sendo vendido. A ocupação dessas mulheres é uma forma de buscar a garantia do bem coletivo que será uma creche no bairro.